Nasa registra “fogos de artifício” ao redor de estrela em formação; entenda
Batizada de L1527 e localizada a cerca de 460 anos-luz da Terra, na constelação de Touro, a primeira divulgação da protoestrela ocorreu em 2022
A Nasa, a agência espacial americana, registrou “fogos de artifício” no espaço ao redor de uma protoestrela — corpos celestes que, no futuro, acabam virando estrelas. A imagem foi feita com o Telescópio Espacial James Webb, a ferramenta mais atualizada com relação ao espaço.
Batizado de L1527 e localizada a cerca de 460 anos-luz da Terra, na constelação de Touro, o astro teve sua primeira divulgação em 2022. Com cerca de 100 mil anos, a protoestrela é relativamente jovem em comparação ao nosso Sol, que tem cerca de 4,6 bilhões de anos.
As cores vibrantes da nebulosa foram visíveis apenas na luz infravermelha, invisível ao olho humano, detectada pela câmera de infravermelho próximo (NIRCam) do Webb, em 2022. Agora, o MIRI (Instrumento de Infravermelho Médio) também detectou a emissão dos fluxos de saída — ou seja, os jatos de gás e poeira, emitidos em direções opostas ao longo do eixo de rotação da protoestrela.
O fluxo de saída de gás e poeira interage com a estrela-bebê durante o consumo do material da nuvem molecular mãe, que ocorre em sua formação. Essa interação, somada com a emissão da luz, é o que causa a impressão de observarmos “fogos de artifício” na imagem.
As cores azul, vermelha e branca são as que mais se destacam na fotografia. Segundo a Nasa, o azul é a molécula carbonácea, hidrocarboneto aromático policíclico (PAHs). Já o vermelho, localizado bem no centro da imagem, é uma camada espessa e energizada de gases e poeira que envolve a protoestrela. A região em branco representa a uma mistura de PAHs, neon ionizado e poeira densa — isso mostra que a protoestrela afasta a matéria enquanto consome material de seu disco.
Para alcançar a formação completa, a protoestrela destrói e empurra grande parte da nuvem molecular conforme envelhece e libera jatos energéticos. O espetáculo de luzes, no entanto, tem um fim marcado: ocorre quando a estrela jovem deixa de acumular massa, tornando-se mais aparente para os telescópios de luz visível.
Ainda segundo a Nasa, as análises do telescópio revelam como a formação da nova estrela afeta a região ao redor e influencia o meio interestelar. Outros astros em Touro, inclusive, se formam da mesma forma.
Essa influência ocorre a partir da formação da protoestrela, que pode perturbar outras nuvens moleculares. Dependendo da interação entre estrelas jovens e o ambiente ao redor, inibe ou promove a criação de novos astros.
O Telescópio Espacial James Webb (também conhecido como JWST ou Webb) usa a tecnologia do infravermelho, o instrumento em órbita do Sol consegue obter imagens da infância do cosmos. Sucessor do Telescópio Hubble, o JWST visa estudar todas as fases da formação do Universo e consegue acompanhar a evolução do nosso Sistema Solar.
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