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    Na iminência do 5G em capitais, mais de 300 cidades ainda não possuem 4G

    Edital do 5G estipula o aumento da cobertura 4G no país. Especialistas dizem que este é um ponto positivo, mas que reflete as desigualdades de acesso no país

    Iuri Corsinida CNN , Rio de Janeiro

    Na expectativa da implementação do 5G em todas as capitais até o dia 29 de setembro deste ano, o Brasil ainda tem 391 municípios que não possuem sequer a cobertura 4G, ou seja, 7% das cidades do país.

    Os dados são da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) compilados pela Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel).

    Minas Gerais é o estado com mais cidades ainda sem o 4G – 110 no total. Depois aparecem Rio Grande do Sul (61), Santa Catarina (53), Mato Grosso (24), Goiás (22) Paraná (21), São Paulo (15), Tocantins (14), Rio de Janeiro (14), Pernambuco (11), Mato Grosso do Sul (7), Ceará e Amazonas (6 cada), Espírito Santo (4), Rio Grande do Norte, Rondônia, Piauí e Paraíba (todos com 3 cada um), Sergipe, Roraima, Pará e Amapá (2), Acre, Alagoas e Bahia (1).

    O próprio edital do 5G estipula a implementação do 4G nas cidades e localidades que ainda não contam com essa versão da tecnologia. Segundo Arthur Igreja, especialista em Tecnologia e Inovação, a determinação da instalação é uma boa notícia, mas que mostra problemas estruturais do país.

    “Isso evidencia o tamanho das desigualdades no acesso a essas tecnologias que são elementares e básicas. Isso ficou muito claro na pandemia, especialmente em relação ao ensino. Algumas crianças conseguiram se conectar com altíssima qualidade e muito rapidamente, enquanto outras simplesmente não tinham nenhuma forma de acesso. Espero que esses mesmos lugares também recebam a tecnologia 5G tão logo seja possível”, disse.

    O 5G, ou a quinta geração da telefonia móvel, é a nova tecnologia de transporte de dados em rede envolvendo dispositivos móveis. Ela é a sucessora das gerações anteriores – 4G, 3G, 2G e 1G.

    O 5G pode acarretar uma velocidade até 100 vezes maior do que a 4G. Já a latência, que é o atraso no tempo de resposta de um aparelho, aplicativo ou site, que era de 60-98 milissegundos no 4G, será reduzida para menos de 1 milissegundo com a nova tecnologia.

    Há ainda 7.430 localidades, como distritos e vilas, áreas da zona rural, que não têm qualquer cobertura ou que têm apenas cobertura 3G, e que receberão o 4G, segundo prevê o edital.

    Além disso, são 2.349 trechos de rodovias, que somam 35.785km de rodovias federais sem cobertura, e que também devem receber cobertura 4G (medida que atinge usuários das rodovias e populações dos entornos).

    Luciano Stutz, presidente da Abrintel e do Movimento Antene-se, diz que a previsão de chegada do 4G talvez seja mais importante do que a implementação do 5G neste momento. “É mais importante incluir pessoas no ciclo de conectividade do 4G do que esperar a chegada do 5G somente depois de 2025”, diz.

    “Não só de 5G vive o edital. Localidades que são afastadas dos centros dos municípios, ou não têm cobertura, ou só possuem o 3G, vão passar a ter melhor cobertura. Isso pode significar o pequeno agricultor vendendo seu produto para além da vizinhança, crianças com acesso a conteúdo inéditos e melhorias na educação, por exemplo”, conclui.

    Torre com equipamento 5G da Verizon em Orem, Utah, nos EUA / 03/12/2019 REUTERS/George Frey

    De acordo com o edital da Anatel, a instalação do 4G deve atender 10% das localidades ainda não contempladas até o dia 31 de dezembro de 2023, e 100% delas até o dia 31 de dezembro de 2028. Em relação aos trechos, o edital prevê que todas as rodovias recebam internet 4G até o último dia do ano de 2029.

    Além de cobertura 4G, há 530 municípios que receberão circuitos de fibra óptica (backhaul) para interligá-los em redes de alta velocidade. Todos eles devem receber a tecnologia até o dia 31 de dezembro de 2026. O edital estipula que todas as cidades do país tenham o 5G até dezembro de 2029.

    Previsões do 5G

    Até o momento, Brasília foi a única capital do país que recebeu de fato o 5G. Há, no entanto, outras 12 capitais e mais 106 municípios que já estão com a legislação atualizada e, portanto, aptos a receber a nova tecnologia de forma plena. Em relação às capitais, isso significa dizer que menos da metade está com as leis de conectividade em dia.

    Porém, Luciano Stutz diz que o novo prazo para que todas as capitais tenham o 5G, 29 de setembro, é viável de ser concretizado, uma vez que a falta de legislação no município não é, em si, um impeditivo. “Sem a legislação atualizada, cria-se uma dificuldade. Mas você pode instalar o 5G nessa taxa obrigatória estipulada pela Anatel, utilizando a estrutura 4G existente, ao menos para cumprir a 1ª etapa para a primeira faixa de instalação”, pondera.

    No entanto, o presidente da Abrintel ressalta que para que o 5G funcione em sua plenitude, é preciso que haja de cinco a dez vezes mais antenas do que as existentes para o 4G. Sem as leis atualizadas, segundo ele, isso fica difícil de acontecer.

    O especialista Arthur Igreja também acredita que as capitais serão contempladas dentro do prazo com o 5G, mas destaca as preocupações de como essa nova tecnologia chegará nas outras cidades.

    “Teremos cenários muito distintos. Cidades que estão melhor articuladas, outras nem tanto. Vamos ter o 5G em alguma medida ao longo do ano. Mas em qual velocidade, com que cobertura, em que termos? Aí sim eu espero condições bastante distintas. Depende que a cidade seja atraente para as empresas, das questões de instalação das antenas, que são resolvidas a nível municipal. Esse diagnóstico vale tanto para as capitais como também para as cidades médias”, pontuou.

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