Jeanette Epps pode se tornar primeira mulher negra a se juntar à equipe da ISS
Ela participará de missão prevista para 2021
Há dois anos, a astronauta da Nasa Jeanette Epps estava programada para voar até a órbita terrestre a bordo de uma nave russa e se tornar a primeira astronauta negra a servir como membro da equipe da ISS (Estação Espacial Internacional).
No último minuto, Epps foi removida dessa missão sem explicação.
Apesar de mais de uma dúzia de norte-americanos negros terem viajado ao espaço desde que Guion Bluford se tornou o primeiro em 1983, nenhum teve a oportunidade de morar e trabalhar no espaço por um período estendido, como a ISS permitiu a mais de 200 astronautas desde 2000.
Nesta terça-feira (25), após anos de especulação do porquê a Nasa retirou Epps de sua tarefa, ela finalmente recebeu uma nova designação. A Nasa disse que ela se juntará aos astronautas Sunita Williams e Josh Cassada em uma missão em 2021 a bordo da nave Starliner, veículo construído pela Boeing ainda em desenvolvimento —prevista para refazer um teste de voo importante neste ano, após problemas na primeira tentativa.
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Epps tem doutorado em engenharia aeroespacial e foi funcionária de inteligência técnica na CIA por sete anos antes de se juntar ao corpo de astronautas em 2009. Nasa disse em 2017 que Epps faria história ao se juntar à equipe do Expedition 56. Durante expedições da ISS, os astronautas se tornam residentes da estação espacial e passam meses conduzindo experimentos e cuidando do laboratório orbitante de 20 anos de idade.
O astronauta da Nasa Victor Glover também poderia ser o primeiro negro a se juntar à equipe da ISS. Ele foi indicado para uma missão da SpaceX Crew Dragon que está marcada para decolar ainda neste ano.
Em 2018, a Nasa rescindiu abruptamente a missão de Epps após ela concluir seu treinamento, menos de seis meses antes do lançamento previsto da Expedition 56. Ela foi substituída por Serena Auñón-Chancellor, e Epps expressou publicamente estar confusa com a decisão. Astronautas, tipicamente, são substituídos apenas em casos médicos ou relacionados à família, e ela confirmou que nenhum desses se aplicava à sua situação.
“Foi uma decisão da minha gerência, e é algo que teremos que continuar a tentar solucionar”, disse Epps em uma conferência em Berlim no ano passado. Ela disse não saber quem tomou a decisão ou por quê, acrescentando que não acreditava que tivesse vindo dos cosmonautas com quem treinou.
“Acho que pude desenvolver relações profissionais muito boas com todos lá”, disse, se referindo ao seu local de treinamento espacial na Rússia.
Quando questionada se ela atribuía a decisão ao machismo ou racismo, Epps respondeu: “Não há tempo para realmente se preocupar com machismo ou racismo e coisas do tipo porque temos que entregar. E se elas surgem, então você está prejudicando a missão… Se é ou não um fator, não posso especular especificamente o que as pessoas estão pensando”.
Detalhes sobre a decião ainda não foram divulgados, e o anúncio sobre a nova missão de Epps não mencionou a Expedition 56.
“Um número de fatores são considerados ao fazer as indicações para voos”, disse a Nasa em comunicado. “Essas decisões são assuntos da equipe, sobre os quais a Nasa não oferece informações”.
Epps não pôde ser contatada imediatamente para comentar.
A missão para qual Epps está designada agora, Starliner-1, será o primeiro voo completamente operacional da nova nave da Boeing, que a companhia está desenvolvendo para o programa de equipes comerciais da Nasa.
Mas a Boeing ainda deve concluir várias etapas até lá. A Starliner deve repetir um teste de voo orbital não-tripulado após seu primeiro voo, em dezembro de 2019, provou que a nave estava cheia de erros de software. A Boeing teve que levar a aeronave de volta para casa dias antes do que o cronograma previa e sem completar o objetivo primário de estacioná-la na ISS. Uma nova tentativa está prevista para ainda este ano.
Após o primeiro teste de voo não-tripulado ser completado com sucesso, os astronautas da Nasa Michael Fincke e Nicole Mann, juntamente com Chris Ferguson, um ex-astronauta da Nasa que agora trabalha para a Boeing, vão pilotar a Starliner no seu primeiro voo tripulado antes que o veículo seja certificado como “operacional”. Isso irá pavimentar o caminho para a missão de Epps.
Williams e Cassada, os astronautas que já haviam sido designados para a missão Starliner-1, publicaram vídeos em seus perfis no Twitter dando as boas-vindas à Epps.
(Texto traduzido, leia o original em inglês).