Instagram às escuras: o que você precisa saber sobre o “Blackout Tuesday”
Campanha tomou as redes nesta terça; entenda como apoiar o movimento sem atrapalhar movimentos antirracismo
Ao abrir o aplicativo do Instagram nesta terça-feira (2), você pode se deparar com um feed tomado por quadrados pretos. Esse fenômeno coordenado, substituindo as postagens habituais da rede de fotografia, faz parte do “Blackout Tuesday” (“Terça às escuras”, em tradução livre).
A campanha faz parte de um movimento virtual para apoiar as manifestações que começaram há mais de uma semana em reação ao assassinato de George Floyd nos Estados Unidos.
E muitas pessoas públicas aderiram à hashtag #BlackoutTuesday. Mas, segundo representantes do movimento negro, o uso errado dessa mobilização pode atrapalhar na luta contra o racismo.
O rapper Lil Nas X, ganhador de dois Grammys em 2020 por sua música Old Town Road, explicou em uma série de tuítes o efeito colateral mais comentado da campanha: em vez de ajudar a espalhar informações sobre os protestos, as postagens desta terça estão reduzindo o alcance de conteúdos importantes.
this is not helping us. bro who the hell thought of this?? ppl need to see what’s going on https://t.co/fN492qsxaa
— nope (@LilNasX) June 2, 2020
O principal problema são as legendas que levam a hashtag #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam, em português).
Essas palavras-chave concentram a maior parte do engajamento nessa nova onda de protestos, disseminando informações importantes sobre segurança ao participar das manifestações em público, links de artigos e estudos sobre como participar de discussões antirracismo e também de petições exigindo ações do poder público.
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O congestionamento causado pelos quadrados pretos levou ativistas e celebridades como Lil Nas X a pedirem que as pessoas parassem de usar a hashtag em suas legendas. “Sem tentar difundir nada mas e se nós postassemos links para doações e petições no Instagram todos ao mesmo tempo, em vez de imagens completamente escuras”, escreveu Lil Nas X também em seu perfil no Twitter.
Adesão da indústria musical
Inicialmente, o propósito da campanha, criada pelas executivas da gravadora Atlantic Records, Jamila Thomas e Brianna Agyemang, era pausar a produção cotidiana de conteúdo por 24 horas e voltar as atenções aos materiais sobre a luta antirracismo, enfatizando a divulgação de produções de pessoas negras.
Entre os adeptos da ideia, o aplicativo Spotify modificou uma das seções em sua página inicial para abrigar uma série de playlists formadas apenas por artistas negros, além de mudar as capas de algumas delas para a cor preta.
Os canais de televisão americanos MTV, VH1 e Comedy Central terão sua programação interrompida por 8 minutos e 46 segundos, a quantidade de tempo em que o policial Derek Chauvin ficou ajoelhado sobre o pescoço de George Floyd em vídeo divulgado na internet.
A cantora Rihanna, dona da marca de maquiagem Fenty Beauty, anunciou que sua marca não venderia os produtos nesta terça-feira.
O rapper Emicida, que lançaria um novo single hoje, adiou o evento para 9 de junho como parte de seu apoio à campanha #theshowmustbepaused, iniciada pelas executivas da Atlantic, que pertence a Warner, e apoiada por Universal e Sony.
A Apple Music também aderiu ao movimento, afirmando que usará estas 24 horas “para refletir e planejar ações para apoiar artistas negros, criadores negros e comunidades negras”.
Usuários do Twitter criaram um Card em que as pessoas podem ter acesso a petições em repúdio a mortes de pessoas negras – não apenas nos Estados Unidos, com a inclusão de um link sobre o menino carioca João Pedro – e conteúdos com informações para quem quer entender o Black Lives Matter e maneiras de ajudar o movimento.