Festas de solstício de verão estimulam fertilidade em países do Hemisfério Norte
No dia mais longo do ano acima da linha do Equador, celebrações comemoram o início do verão
Celebra-se nesta terça-feira (21) o solstício de inverno no Hemisfério Sul, o dia mais curto e a noite mais longa do ano, e o solstício de verão no Hemisfério Norte – que, ao contrário, é o dia mais longo e a noite mais curta.
O solstício de verão está historicamente ligado à fertilidade – tanto da variedade vegetal quanto humana – em destinos ao redor do mundo.
A CNN explica algumas dessas tradições de verão antigas e sensuais do Hemisfério Norte.
A ciência por trás dos solstícios
Ao norte do Equador, os dias ficam mais longos nos próximos dias. Quanto maior a distância entre a linha imaginária e o local, menores as noites durante o verão.
Na capital do Equador, Quito, um pouco ao norte do meridiano, as pessoas mal notam a diferença. Elas recebem míseros sete minutos extras de luz do dia.
Mas os moradores de Helsinque, na Finlândia, país próximo do Pólo Norte do planeta, terão o nascer do sol às 3h54 e quase 19 horas de luz do dia. A noite fica pouco escura.
Os habitantes de Fairbanks, no interior central do Alasca, podem achar 19 horas pouca coisa. Eles terão 21 horas e 41 minutos de luz do dia.
Quanto aos pinguins na Antártida guardando seus ovos – se pudessem falar, poderiam dizer muito sobre viver na escuridão de 24 horas.
Durante os equinócios de primavera e outono, que marcam o início dessas estações, pessoas de todo o planeta recebem igualmente 12 horas de luz, e 12 horas de escuridão – após os eventos, as horas de luz diárias começam a aumentar em regiões em que o verão se aproxima, e diminuir naquelas que aguardam o inverno.
Isso ocorre porque a Terra está alinhada em um eixo, um pólo imaginário que passa pelo centro do nosso planeta. Mas este eixo se inclina em um ângulo de 23,5 graus.
“Como a Terra orbita o sol [uma vez por ano], seu eixo inclinado sempre aponta na mesma direção. Assim, ao longo do ano, diferentes partes da Terra recebem os raios diretos do sol”, segundo a Nasa.
Quando o sol atinge seu ápice, esse é o solstício de verão – o que ocorre no Hemisfério Norte atualmente.
Neste momento, “o sol está diretamente sobre o Trópico de Câncer, localizado a 23,5° de latitude norte, e atravessa o México, Bahamas, Egito, Arábia Saudita, Índia e o sul da China”, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos.
Tradições sensuais em diferentes países
Devido à associação do solstício de verão à fertilidade, tradições sensuais emergiram ao redor do mundo para celebrar a data. Conheça algumas delas:
Solstício de Verão na Suécia
As tradições incluem dançar ao redor de um mastro – um símbolo que alguns consideram fálico. Eles também se deliciam com arenque e vodka (se isso é romântico ou não, provavelmente é uma questão de preferência pessoal).
“Muitas crianças nascem nove meses depois do solstício de verão na Suécia”, disse Jan-Öjvind Swahn, etnólogo sueco e autor de vários livros sobre o assunto, à CNN antes de sua morte em 2016.
“Beber é a tradição mais típica do solstício de verão. Há fotos históricas de pessoas bebendo até o ponto em que não podem mais continuar”, disse Swahn.
Embora a bebedeira tenha influência no subsequente baby boom, Swahn destacou que, mesmo sem a bebida, o solstício de verão é uma época rica em rituais românticos.
“Havia uma tradição entre as moças solteiras, que se elas comessem algo muito salgado durante o verão, ou então coletassem vários tipos diferentes de flores e as colocassem debaixo do travesseiro enquanto dormiam, elas sonhavam com seus futuros maridos”, disse ele.
Ritos pagãos na Grécia
Existe uma mitologia semelhante sobre sonhar com o futuro cônjuge em partes da Grécia. Lá, como em muitos países europeus, o solstício pagão foi cooptado pelo cristianismo e renomeado como Dia de São João. Ainda assim, em muitas aldeias do norte do país, os ritos antigos ainda são celebrados.
Um dos rituais mais antigos é chamado de Klidonas, e envolve virgens locais coletando água do mar.
Todas as mulheres solteiras da aldeia colocam um pertence pessoal no pote e o deixam debaixo de uma figueira durante a noite, onde – o folclore diz – a magia do dia imbui os objetos de poderes proféticos, e as meninas em questão sonham com seu futuro maridos.
No dia seguinte, todas as mulheres da aldeia se reúnem e se revezam para retirar objetos e recitar versos rimados que pretendem prever o destino romântico do dono do item. Hoje em dia, no entanto, o festival é mais uma desculpa para a comunidade de mulheres trocar piadas obscenas.
“Na minha aldeia, as mulheres mais velhas sempre parecem inventar as rimas mais sujas”, diz Eleni Fanariotou, que filmou o costume. No final do dia, os sexos se misturam e se revezam pulando sobre uma fogueira.
Qualquer um que consiga saltar sobre as chamas três vezes está destinado a ter um desejo concedido. Fanariotou disse que o festival muitas vezes resulta em acasalamento.
“É um bom momento para conhecer alguém, porque todos os jovens da aldeia vão, e é uma boa oportunidade para socializar. Além disso, todos os homens gostam de se exibir e fazer o maior fogo que podem passar.”
Cupido eslavo
Na Europa Oriental, o solstício de verão está ligado ao Dia de Ivan Kupala — um feriado com conotações românticas para muitos eslavos (“kupala” é derivado da mesma palavra que “cupido”). Também é chamado de Noite de Kupala (o amor não segue um cronograma rígido, aparentemente).
“Acreditava-se que a noite de Kupala era um momento para as pessoas se apaixonarem e que aqueles que a celebravam seriam felizes e prósperos ao longo do ano”, lembra Agnieszka Bigaj, do conselho de turismo polonês.
Antigamente, mulheres jovens e solteiras flutuavam coroas de flores no rio, onde solteiros ansiosos do outro lado tentavam pegar as flores, ela disse.
Segundo o folclore polonês, o homem e a mulher em questão se tornariam um casal. As fogueiras também são uma grande característica do feriado, e é tradição que um casal salte através das chamas juntos de mãos dadas — se eles não soltarem, diz-se que seu amor durará.
Solstício de verão e o Yoga na Índia
Poucas coisas colocam você em contato com sua mente e corpo como o yoga.
Na Índia, berço da antiga prática, o solstício de verão é tradicionalmente celebrado com sessões de yoga em massa em todo o país, o segundo mais populoso do mundo.
E hoje em dia, a yoga se espalhou pelo mundo.
Na verdade, o Dia Internacional do Yoga é 21 de junho, o mesmo dia do solstício. O tema das Nações Unidas para 2022 é “Yoga para a Humanidade” e apresenta a prática como um ótimo método para superar os efeitos da pandemia.
Na Times Square de Nova York, pessoas aproveitam toda a luz do dia com aulas de solstício de yoga com início às 7h30 e término às 20h30, segundo o site da Times Square Alliance, que organiza o evento.
Tradições na China
Registros da dinastia Song (entre os anos de 960 e 1279) indicam que as autoridades poderiam ter três dias de folga durante o solstício de verão, de acordo com o site ChinaCulture.org.
O festival chamava-se “chaojie” e “as mulheres davam leques e sachês coloridos umas às outras. Os leques podiam ajudá-las a não sentir tanto calor e os sachês eram para afastar os mosquitos e deixá-los com um cheiro doce”.
As pessoas em Mohe — a cidade mais ao norte da China, na província de Heilongjiang — desfrutam de quase 17 horas de luz do dia, com o nascer do sol chegando às 3h23.
Stonehenge
Uma das celebrações de solstício mais notáveis do mundo tradicionalmente ocorre em Stonehenge, na Inglaterra, onde milhares de pessoas costumam se reunir todos os anos. Como muitos outros eventos em 2020 e 2021, o evento não ocorreu devido à pandemia da Covid-19.
Mas em 2022, a celebração presencial está de volta, segundo o English Heritage. É possível assistir ao nascer do sol do solstício ao vivo na página do grupo no Facebook ou no canal do YouTube.
Remontando aos tempos dos druidas e pagãos, Stonehenge tem um fascínio misterioso.
“Todos os rituais druidas têm um elemento de fertilidade, e o solstício não é exceção”, disse o rei Arthur Pendragon, um arquidruida sênior, à CNN. “Celebramos a união das divindades masculina e feminina — o sol e a Terra — no dia mais longo do ano.”