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    “Facebook Papers”: veja o que os documentos vazados revelam até agora

    Consórcio de imprensa, que inclui a CNN, revisou milhares de documentos internos da empresa; vazamento é uma das maiores crises da big tech

    Tara Subramaniamda CNN

    Uma semana atrás, um consórcio de 17 veículos de notícias, incluindo a CNN, começou a publicar uma série de histórias contundentes – chamadas coletivamente de “The Facebook Papers” – baseadas em milhares de páginas de documentos internos do Facebook, que agora se chama Meta.

    Esses documentos são divulgações feitas à uma comissão e fornecidas ao Congresso norte-americano, de forma editada, pelo consultor jurídico da denunciante e ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen. As versões editadas foram obtidas pelo consórcio de imprensa.

    Os documentos e as histórias com base nestes dados levantaram preocupações sobre os danos potenciais do mundo real às várias plataformas do Facebook.

    Eles também oferecem uma visão sobre o funcionamento interno da empresa, incluindo sua abordagem à desinformação e moderação de discurso de ódio, tanto nos Estados Unidos quanto em outros países – bem como as reações dos funcionários às preocupações sobre as decisões da empresa.

    O Wall Street Journal publicou anteriormente uma série de histórias baseadas em documentos internos do Facebook vazados por Haugen, que levantaram preocupações sobre o impacto do Instagram em meninas adolescentes, entre outras questões.

    O trabalho do consórcio de imprensa é baseado em muitos dos mesmos documentos. O Facebook repetidamente tentou desacreditar Haugen e disse que os relatórios descaracterizam suas ações. “No cerne dessas histórias está uma premissa que é falsa”, disse um porta-voz do Facebook em comunicado à CNN.

    “Sim, somos um negócio e temos lucro, mas a ideia de que o fazemos às custas da segurança ou do bem-estar das pessoas não compreende onde residem nossos próprios interesses comerciais.”

    Veja algumas das principais revelações do “Facebook Papers” até agora:

    Desinformação sobre vacinas contra a Covid-19

    Em fevereiro de 2021, um ano após o início da pandemia, um relatório de pesquisa do Facebook foi compartilhado internamente e observou uma preocupação: “Nossos sistemas internos ainda não estão identificando, rebaixando e/ou removendo comentários antivacinas com frequência suficiente.”

    Outro relatório, um mês depois, declarou: “O risco agregado de [hesitação da vacina] nos comentários pode ser maior do que nas postagens e, ainda assim, investimos pouco na prevenção em comparação com nosso investimento em conteúdo.”

    Um porta-voz do Facebook disse que a empresa fez melhorias nas questões levantadas nos memorandos internos.

    Mark Zuckerberg
    Mark Zuckerberg / Getty Images

    A prática de tráfico humano

    De acordo com um relatório interno de janeiro de 2020 intitulado “Servidão Doméstica e Tráfico de Trabalho no Oriente Médio”, uma investigação do Facebook descobriu o seguinte:

    “Nossa plataforma permite todos os três estágios do ciclo de vida da exploração humana (recrutamento, facilitação, exploração). Os traficantes, recrutadores e facilitadores dessas ‘agências’ usaram perfis FB [Facebook], perfis IG [Instagram], páginas, Messenger e WhatsApp.”

    Um porta-voz do Facebook disse à CNN: “Proibimos a exploração humana em termos inequívocos”. Ele afirmou ainda que há “muitos anos a plataforma combate o tráfico de pessoas”.

    O impacto de mudanças no algoritmo

    Uma pesquisa interna de abril de 2019 apontou que vários partidos políticos europeus alegaram que a decisão do Facebook de 2018 de redirecionar seu algoritmo de feed de notícias em uma nova métrica, conhecida como “interações sociais significativas”, “mudou a natureza da política – para pior. ”

    O Facebook disse à CNN que a introdução da métrica não foi uma “mudança radical” na forma como a empresa classificou a atividade dos usuários na rede social, pois anteriormente considerava curtidas, comentários e compartilhamentos como parte de sua classificação.

    Lacunas no monitoramento internacional de desinformação e discurso de ódio

    Em junho de 2020, um funcionário do Facebook postou um relatório para um grupo interno com cerca de 1.500 membros observando uma auditoria em andamento sobre a eficácia de seus sinais para detectar desinformação e discurso de ódio em países em risco.

    De acordo com o relatório, a auditoria “encontrou lacunas significativas em nossa cobertura (especialmente em Mianmar e Etiópia), mostrando que nossos sinais atuais podem ser inadequados”.

    Em uma declaração pública abordando relatórios sobre a pesquisa vazada, o Facebook afirmou:

    “Temos um processo líder do setor para revisar e priorizar os países com maior risco de violência e danos off-line, a cada seis meses. Quando respondemos a uma crise, implantamos suporte específico para o país conforme necessário. ”

    Reações internas sobre a insurreição ao Capitólio

    Comentando sobre uma postagem sobre a insurreição do Capitólio escrita por Mike Schroepfer, diretor de tecnologia do Facebook, um membro da equipe escreveu que “a liderança substitui decisões políticas baseadas em pesquisas para melhor servir pessoas como os grupos que incitam a violência hoje.”

    “Funcionários fizeram sua parte para identificar mudanças para melhorar nossas plataformas, mas foram ativamente retidas”, diz o funcionário.

    “Outro funcionário, referindo-se a anos de polêmica e questionável tomada de decisão por parte da liderança do Facebook em torno do discurso político, concluiu: “a história não nos julgará bem”.

    (Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)

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