Estudos indicam presença de raios superficiais e granizo de amônia em Júpiter
Descobertas foram feitas a partir de imagens capturadas pela sonda Juno, da Nasa
Novos estudos sobre a atmosfera de Júpiter feitos a partir de informações coletadas pela sonda Juno, da Nasa, indicam a presença no planeta de “raios superficiais”, uma forma inesperada de descarga elétrica originada em nuvens com uma solução de amônia e água.
Pesquisadores também descobriram que tempestades violentas no maior planeta do Sistema Solar podem formar uma espécie de granizo rico em amônia, que “sequestram” a substância e a água na alta atmosfera e as carregaram para as profundezas da atmosfera de Júpiter.
De acordo com a Nasa, desde que a missão Voyager detectou relâmpagos pela primeira vez, em 1979, acreditava-se que os raios no planeta fossem semelhantes aos da Terra, ocorrendo apenas em tempestades em que a água existe em todos seus estados – gelo, líquido e gasoso.
“Os voos próximos da Juno nos topos das nuvens nos permitiram ver algo surpreendente – flashes menores e mais rasos – originando-se em altitudes muito mais altas na atmosfera de Júpiter do que se supunha anteriormente possível”, disse Heidi Becker, líder de investigação de monitoramento de radiação da missão Juno ao site da Nasa.
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Becker e sua equipe sugerem que as fortes tempestades de Júpiter arremessam cristais de água e gelo na atmosfera do planeta, mais de 25 quilômetros acima das nuvens, onde encontram vapor de amônia atmosférica que derrete o gelo, formando uma nova solução de água e amônia. Nessa altitude, devido às baixíssimas temperaturas (estimadas em -88ºC), não há presença de água líquida pura.
Granizo de amônia
Um segundo estudo, publicado no Journal of Geophysical Research: Planets diz que a incomum mistura de 2/3 de água e 1/3 de gás de amônia forma a base para o surgimento de pedras de granizo, chamadas de “mushballs”.
Formadas por camadas de água, amônia e gelo cobertos por uma crosta mais espessa de água e gelo, as mushballs são geradas de maneira semelhante ao granizo na Terra – aumentando à medida que se movem na atmosfera.
“Eventualmente, as mushballs ficam tão grandes que até as correntes de ar não conseguem sustentá-las e elas caem mais na atmosfera, onde eventualmente evaporam completamente”, disse Tristan Guillot, pesquisador da Université Côte d’Azur em Nice, na França, principal autor do artigo, também à Nasa.