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    Estudo reforça presença viking na América antes da chegada de Colombo

    Pesquisadores da Universidade da Islândia encontraram amostras de madeira importadas da América do Norte em áreas habitadas pelos nórdicos na Idade Média

    Turista fotografa réplica de embarcação viking na vila de pescadores de L'Anse aux Meadows, na ilha canadense de Newfoundland
    Turista fotografa réplica de embarcação viking na vila de pescadores de L'Anse aux Meadows, na ilha canadense de Newfoundland Reuters

    Laura Capelhuchnik

    Um estudo publicado esta semana na revista de arqueologia “Antiquity” oferece mais evidências de que os vikings chegaram à América cerca de 500 anos antes de Cristóvão Colombo.

    Arqueólogos da Universidade da Islândia coletaram amostras de madeira de cinco áreas no oeste da Groenlândia ocupadas pelos nórdicos entre 985 e 1450, aproximadamente.

    A análise da origem do material mostrou que parte das espécies encontradas não é nativa, o que leva à conclusão de que as colônias importavam madeira do norte da Europa e das Américas. Entre as espécies encontradas, estão as cicutas e o pinheiro Pinus banksiana, comuns em países da América do Norte, como o Canadá.

    Segundo o estudo, as árvores nativas da Groenlândia não eram adequadas para grandes construções ou para a confecção naval, por isso os nórdicos dependiam de madeira importada.

    A origem e a extensão dessas importações, no entanto, permanecem pouco estudadas. Os resultados mostram, também, que enquanto as necessidades da maioria das famílias eram atendidas por florestas locais, as fazendas de elite tinham acesso a madeira trazida de outros lugares.

    Amostras de madeira analisadas no estudo “Timber imports to Norse Greenland: lifeline or luxury?”, publicado na revista Antiquity / Reprodução Cambridge University Press/ Antiquity Publications Ltd.

    Para os pesquisadores, essas descobertas destacam o fato de que os groenlandeses nórdicos tinham conhecimento e embarcações apropriadas para cruzar o Estreito de Davis até a costa leste da América do Norte pelo menos até o século 14, segundo reportou a publicação “Science Times”.

    A variedade de fontes de madeira utilizadas na Groenlândia Nórdica também ilustra a conectividade do mundo medieval do Atlântico Norte, aponta o estudo.

    Primeiras evidências

    Nos anos 1960, exploradores noruegueses descobriram o sítio arqueológico de L’Anse aux Meadows, no nordeste do Canadá. Nas escavações, foram encontrados vestígios de casas construídas pelos vikings.

    Uma das evidências da presença dos escandinavos na área foi o corte da madeira usada nas construções, feito por ferramentas de metal numa época em que os habitantes nativos não dominavam a metalurgia. Também foram encontrados acessórios típicos dos vikings, como a abotoadura de bronze usada em casacos.

    Por décadas, os recursos de datação não permitiam estabelecer uma cronologia precisa do material encontrado no sítio arqueológico de L’Anse aux Meadows.

    Em 2021, no entanto, um estudo publicado na revista “Nature” mostrou que os vikings estiveram na América do Norte em 1021, ou seja, quase 500 anos antes de Cristóvão Colombo. A descoberta foi feita a partir de fragmentos de madeira que continham marcas de uma tempestade solar do ano 992.

    O fluxo de raios cósmicos aumenta a presença de carbono-14 na atmosfera e, portanto, deixam uma assinatura nas árvores, já que elas absorvem o carbono do entorno.

    Nas amostras analisadas, foram descobertos 29 anéis de crescimento formados a partir daquele marcado pela tempestade solar. Cada anel de crescimento numa árvore equivale a um ano, o que significa que a madeira foi cortada em 1021.

    A versão na mitologia

    As pesquisas corroboram as narrativas mitológicas que relatam a presença dos vikings no continente americano. De acordo com as sagas nórdicas, conjunto de lendas que retratam as expedições dos escandinavos há mil anos, o líder viking Leif Erikson encabeçou uma jornada rumo a territórios na América do Norte, a oeste da Groenlândia.

    As sagas têm muitas passagens fantásticas, mas também sugerem encontros de vikings com povos originários do continente americano e descrevem interações entre eles – algumas delas são amigáveis, outras, violentas.