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    Entenda o que é deep web e o tipo de atividade realizada na internet oculta

    Porção da rede inacessível a maior parte dos usuários abriga de bancos de dados até atividades ilegais

    Raphael Coraccini, colaboração para a CNN Brasil

    Dados roubados do presidente da República e de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão sendo vendidos na deep web, uma porção da internet desconhecida da maior parte dos usuários da rede. É o que revela um ofício do ministro Alexandre de Moraes à Polícia Federal (PF), revelado pela CNN.

    Apesar de ser usada para guardar dados secretos de instituições públicas, governos e empresas, esse espaço oculto é bastante conhecido por também ser um local propício para a prática de crimes diversos, de exposição de pornografia ilegal a comércio de dados sigilosos. O ambiente é ideal para isso porque exclui os crimes dos olhos da maioria das pessoas e dificulta o trabalho das autoridades.  

    Para entender como a deep web funciona, é preciso compreender onde esse espaço está com relação a internet que a maioria das pessoas acessa.

    Os mecanismos de busca, como Google, Yahoo e Bing indexam apenas sites que se relacionam entre si, a chamada World Wide Web, essa que é acessada pelo www. Os sites da deep web, porém, funcionam à parte dessas conexões. Eles estão isolados – ou escondidos – dessa internet comum.

    O Google e outros buscadores são capazes de indexar páginas estáticas registradas no www, como esta. As páginas dinâmicas, porém, ficam longe do alcance dessas ferramentas. A maior parte do que está contido nesse espaço inacessível para a maioria dos usuários é banco de dados. Boa parte disso é informação sigilosa e legal, mas esse local esconde gigantescos negócios maliciosos e lesivos.

    Em 2019, autoridades dos Estados Unidos e da Europa fecharam os sites Wall Street Market e Valhalla, dois dos maiores mercados de drogas que operavam na internet. Em 2013, caiu o Silk Road, considerado o maior ponto de tráfico de entorpecentes na deep web até então. Apesar dos esforços, o mercado ilegal segue vivo, e potencialmente maior.

    O crescimento exponencial de geração de dados por conta do aumento do acesso das pessoas a serviços online potencializa o comércio ilegal de dados na deep web. Um exemplo é a venda recente de dados de 223 milhões de brasileiros vivos e mortos na dark web. A Polícia Federal investiga a relação desse vazamento com a que envolve as informações do presidente da República e dos ministros do STF.

    Nesse espaço, os criminosos utilizam moedas digitais como o bitcoin para negociar. Os dados podem ser usados para articulação de fraudes usando o nome das vítimas, estelionatos, roubos de identidade e extorsão.

    Pouco se sabe ainda sobre o potencial de dano desses vazamentos recentes e como as vítimas podem evitar danos e golpes. Enquanto isso, os dados, tanto de autoridades quanto do público no geral, seguem expostos no fundo da internet para quem souber acessá-la e tiver alguns trocados em criptomoeda para adquirir.

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