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    “Em vez de resistir, pessoas deveriam testar possibilidades da IA”, diz chefe do ChatGPT

    Peter Deng protagonizou a sessão mais disputada do SXSW 2024 até agora

    Manuella Menezesda CNN

    Em Austin (Texas, EUA)

    A entrevista de Peter Deng, vice-presidente de produtos de consumo e chefe do ChatGPT na OpenAI, ao comentarista da CNN Internacional Josh Constine foi até agora a sessão mais disputada do SXSW. Constine perguntou tudo, mas nem sempre obteve todas as respostas.

    Nesta segunda-feira (11), Deng insistiu que não sabemos o que futuro guarda, então o que temos que fazer é nos manter curiosos. Constine quis saber se treinar a inteligência artificial pode ser comparado a ensinar novas coisas a uma criança – o VP da OpenAI tem filhos de três, cinco, sete e nove anos.

    “Uma das minhas filhas gosta de construir coisas, me lembra eu mesmo quando era jovem”, contou. “Estou curioso para ver que ferramentas ela terá à disposição e com certeza o ChatGPT é uma delas. Ela poderá fazer muito mais que eu.”

     

    Mas seria possível, além de comandos e dados, ensinar valores para as máquinas? Deng disse que isso ainda não está claro e que, na sua opinião, o ideal seria que a tecnologia se adequasse aos valores de cada indivíduo que a utiliza, afinal, “o que torna o mundo tão interessante são os diferentes valores e culturas que o formam”.

    “E vocês têm alguém na ‘sala de criação’ que faz o papel do ‘bandido’?”, quis saber Constine. “Prevendo que alguém pode fazer mau uso do que está sendo criado?”. A resposta foi positiva, e Deng reforçou que há pessoas especialmente designadas para desenvolver cada produto da melhor maneira possível.

    No entanto, admitiu que os filhos não têm acesso a nenhuma ferramenta online, como o próprio ChatGPT ou o Google. “Ainda não é a hora”, disse. Apesar desse cuidado com as crianças, afirmou que gostaria, por exemplo, de contar com a IA como auxiliar do seu advogado num julgamento hipotético.

    “Imagina uma máquina que pudesse ouvir os testemunhos, cruzar o que foi dito, os dados, e orientar o time sobre qual perguntar fazer, identificar inconsistências etc. Não seria ótimo?”. Será que vem aí?

    Constine foi interrompido por aplausos da plateia quando falou que “deveriam haver regras para todos sabermos quando uma coisa foi escrita pelo ChatGPT pelo menos quando se trata de conversas pessoais, política e arte”. Deng tentou argumentar dizendo que se uma mensagem de texto ou um email de campanha estão escritos corretamente, “realmente importa se houve ajuda no resultado final?”.

    “Mas e nos votos de casamento? Em poesias de amor? Acho que minha mulher ficaria ofendida se soubesse que não houve trabalho meu nessas coisas”, retrucou o comentarista, arrancando risos do público.

    O executivo pontuou que são justamente essas “normas morais” que as pessoas precisam discutir – e que devem vir inclusive antes das leis oficiais. “Se as pessoas se importam, a tecnologia se adaptará”, afirmou.

    Arte x IA

    Constine aproveitou a deixa para questionar como ele se sentiria se soubesse que a IA usa o seu trabalho, a sua arte, para “ensinar” a tecnologia a se desenvolver. “É uma boa pergunta”, respondeu Deng, levemente constrangido. “Os artistas definitivamente devem ser parte do ecossistema, e todo artista também se inspira em outras obras. Mas realmente não sei como me sentiria”, admitiu.

    “E você acha que eles devem receber quando esse for o caso”, insistiu o entrevistador, arrancando mais aplausos e um coro de “Sim, sim”, da plateia, mas sem conseguir uma resposta objetiva do executivo da OpenAI.

    Depois da “polêmica”, Deng deu um conselho para o público. Segundo pesquisa a que a empresa teve acesso, companhias onde os funcionários já usam o ChatGPT na sua rotina tiveram um aumento de 17% na produtividade. “Isso prova que não deve haver resistência, e sim conhecimento do potencial da plataforma”, indicou.

    “Imagina pode gerar uma planilha, pedir para um assistente analisar dados, ter uma crítica de um texto ou de uma apresentação. Isso economiza tempo e ajuda a performar melhor. Então o ponto é se manter curioso para explorar as possibilidades e não resistir à novidade. Por que não usar essa força extra?”, finalizou.

    O South by Southwest, mais conhecido como SXSW, acontece anualmente em março, em Austin, nos Estados Unidos e é considerado um dos maiores eventos de tecnologia, música, inovações e cultura do mundo, trazendo ainda, atrações de diferentes países.

    Veja imagens do SXSW 2024