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    Com pandemia, demanda por videoconferências dispara em empresas brasileiras

    Plataforma nacional para reuniões corporativas teve aumento de 500% no numero de usuários

    Denise Ribeiro e Anthony Wells, da CNN, em São Paulo

    Sem a possibilidade de atender clientes presencialmente, empresas brasileiras se adaptaram às videoconferências. Se antes quase tudo era feito de forma presencial, agora boa parte do serviço oferecido está no ambiente virtual. Com medidas de isolamento social implementadas pelo mundo, os funcionários tiverem que se adaptar à rotina de trabalho em casa, e a procura por aplicativos de videoconferência disparou.

    “A grande empresa precisa de uma ferramenta para que a pessoa fique em casa, mas ela consiga manter a produção. Então foi ali que a gente teve um salto muito grande. A gente teve empresas que aumentaram exponencialmente a utilização [da videoconferência]. Ela tinha dez usuários e passou para 100 em duas semanas,” disse Douglas Alcino, engenheiro de produtos da Videoconferência Brasil, empresa que atende o público corporativo e chegou a ver um aumento de 500% no numero de usuários durante a pandemia.

    A empresa, que tinha cerca de 3.000 usuários no início de março, agora tem mais de 17.000. Uma usina siderúrgica que utiliza a plataforma da Videoconferência Brasil tinha uma sala de reunião virtual de 50 pessoas. Hoje, nessa sala cabem 200 pessoas.

    Alcino lembrou que, antes da pandemia, essas plataformas virtuais eram mais utilizadas por chefes, diretores e gerentes de empresas, mas agora estão disponibilizadas para todos os funcionários, o que ajuda a explicar a explosão dos números.

    O crescimento no uso do Google Meet, por exemplo, ultrapassou 60% por dia, nas últimas semanas. A utilização do Meet hoje é 25 vezes maior que em janeiro deste ano.

    Outra plataforma, o Microsoft Teams, contabilizou 32 milhões de usuários diários no dia 11 de março. Em 18 de março, esse número cresceu para 44 milhões de usuários diários em todo o mundo.

    Já o Skype registrou um aumento de 70% em março no número de usuários cadastrados e o Zoom, plataforma que ficou mundialmente conhecida nesse contexto de isolamento, foi de 10 milhões de usuários em dezembro para mais de 200 milhões de usuários hoje.

    Empresas se adaptam

    Esses números apontou um reflexo das medidas adotadas pelas empresas, que também estão tendo que se reinventar em meio à crise.

    Com a pandemia do coronavírus, o primeiro passo do Banco Santander, por exemplo, foi proibir viagens internacionais a trabalho. Na sequência, o banco começou a incentivar o home office. Hoje, algumas áreas administrativas estão com 80% dos funcionários em trabalho remoto, e há rodízio entre as equipes. Os eventos internos foram suspensos, e as reuniões passaram a ser realizadas por videoconferência. Nas agências, apenas o serviço considerado essencial é prestado presencialmente — ainda assim, com redução de horas de atendimento ao público.

    Fernanda Oliveira, gerente de acesso da fabricante de medicamentos Novartis, está trabalhando em casa há mais de 20 dias e explica que a empresa adotou horários específicos para as reuniões, para que os funcionários consigam conciliar a rotina com os trabalhos domésticos e com a família. 

    As reuniões remotas devem ser realizadas após 9h, respeitando intervalo de almoço das 12h às 15h e o expediente deve ser finalizando às 18h. A empresa disponibilizou ainda plantão de dúvidas em relação à ferramenta utilizada, que é o Microsoft Teams (que permite a realização de videoconferências com até 250 pessoas conectadas e interagindo ao mesmo tempo), e paga um auxílio internet para os analistas.

    A Usina Coruripe, que produz, açúcar, etanol e energia elétrica, já realizava reuniões por videoconferência. Diariamente, cerca de quatro reuniões eram realizadas. Hoje, são mais de 20. Antes da pandemia, as reuniões contavam com cerca de 10 pessoas; agora, são mais de 200. Até mesmo serviços que eram feitos presencialmente nas fábricas foram adaptados, como supervisão e automação. É possível abrir válvulas através do computador, por exemplo.

    “Agora que a gente está levando a sério essa questão da distância, eu acho que a videoconferência veio em um momento muito legal, veio em um momento importante da saúde, da economia e dos negócios, de uma maneira geral e a gente espera que realmente essa adesão permaneça, prevaleça de uma maneira segura, de uma maneira responsável”, disse Alcino.