Cientistas tiram a primeira foto de tubarão que brilha no escuro
O tubarão kitefin é o maior vertebrado que produz luz própria; pesquisadores encontraram a espécie na Nova Zelândia
Cientistas tiraram as primeiras fotos do tubarão kitefin (Dalatias licha), o maior vertebrado bioluminescente conhecido do mundo. Ele brilha no escuro produzindo sua própria luz e cresce a quase dois metros de comprimento.
De acordo com estudo publicado na terça-feira (2), o animal foi encontrado em uma área oceânica conhecida como Chatham Rise, na costa leste da Ilha Sul da Nova Zelândia, por pesquisadores da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, e do Instituto Nacional de Pesquisas sobre Água e Atmosfera, na Nova Zelândia.
A bioluminescência se refere à produção de luz visível por organismos vivos por meio de uma reação bioquímica. O coautor do estudo e chefe do laboratório de biologia marinha da UCLouvain, Jérôme Mallefet, disse à CNN nessa quarta-feira (3) que 57 das 540 espécies de tubarões conhecidas sejam capazes de produzir luz.
Ainda segundo Mallefet, embora os espécimes tenham mostrado anteriormente que o tubarão kitefin deve ser capaz de produzir luz, eles são “realmente difíceis de observar”, pois vivem entre 200 e 900 metros (656-2953 pés) abaixo da superfície do oceano.
Como parte da pesquisa, a bioluminescência também foi documentada em duas outras espécies de tubarão de águas profundas, o Etmopterus lucifer (tubarão-lanterna-barriga-preta) e o Etmopterus granulosus (tubarão-lanterna-do-sul).
Mallefet notou que os tubarões foram pegos acidentalmente durante as pesquisas de arrasto do instituto, que são usadas para medir os estoques de peixes, e contatou a organização.
Ele foi convidado a participar de uma viagem de pesquisa em janeiro de 2020 e passou 30 dias a bordo do barco, capturando vários tubarões.
“Eu era como uma criança no pé de uma árvore de Natal”, disse Mallefet, descrevendo como conseguiu tirar uma foto do tubarão kitefin em um balde no quarto escuro do navio.
De acordo com ele, o mar profundo abaixo de 200 metros (656 pés) é descrito como a zona crepuscular. Muitas pessoas acreditam erroneamente que não há luz visível lá, mas há alguma luz que os tubarões acham útil.
“Eles usam a luz para desaparecer”, explica o chefe do laboratório ao informar como a bioluminescência pode tornar os tubarões invisíveis contra o brilho fraco da superfície do oceano. Isso protege os tubarões dos predadores que nadam abaixo deles e também torna mais fácil para eles caçarem suas presas.
Ele complementa: “Sabemos que é o caso de Dalatias licha”, pois os restos de tubarões menores foram encontrados dentro da barriga de alguns espécimes, apesar de ser o tubarão nadador mais lento do mundo.
No entanto, os tubarões luminosos não revelaram todos os seus segredos, incluindo o motivo de sua nadadeira dorsal brilhar.
Mais pesquisas são necessárias para descobrir se isso poderia ser usado para sinalização, disse Mallefet, acrescentando que “ainda há pontos de interrogação”.
O chefe do laboratório enfatizou à CNN que gostaria de estudar maiores detalhes da barbatana dorsal em futuras viagens à área, bem como averiguar o que os tubarões comem e se são comidos.
Mallefet finaliza que objetiva saber mais sobre o fundo do mar, que continua misterioso apesar de ser o ambiente mais comum do planeta, para fazer com que as pessoas pensem mais em preservá-lo: “Receio que tenhamos cometido muitos erros ao atirar coisas ao mar […] Temo o que acontecerá para as próximas gerações”.
(Texto traduzido. Clique aqui para acessar o original em inglês)