China divulga as primeiras imagens tiradas por seu rover em Marte
De acordo com a Administração Espacial Nacional da China, aparelho se prepara para deixar a sonda e dirigir-se à superfície do planeta vermelho
A China divulgou as primeiras imagens tiradas por seu rover em Marte, o Zhurong. A primeira, uma imagem em preto e branco obtida pela câmera de prevenção de obstáculos do rover, mostra uma rampa e a superfície plana do planeta, onde o aparelho pousou no sábado (15).
A segunda, uma imagem colorida obtida por uma câmera de navegação da parte traseira do veículo espacial movido a energia solar, mostrou que o painel solar e a antena estão abertos normalmente, disse a Administração Espacial Nacional da China na quarta-feira (19).
A agência espacial disse que o Zhurong, batizado em homenagem a um deus do fogo na mitologia chinesa, estava se preparando para deixar a sonda e dirigir-se à superfície de Marte, onde começará a patrulhar e explorar como parte de sua missão de três meses em busca de sinais ou evidências de vida antiga no planeta vermelho.
A missão da China em Marte conseguiu entrar na órbita do planeta e pousar um rover que pode atravessar a superfície marciana em sua primeira tentativa. Foram necessárias várias missões da Nasa para concluir essas etapas desafiadoras, embora décadas antes da China, entre 1971 e 1997.
Embora o Zhurong da China não seja tão avançado tecnologicamente quanto o Perseverance da Nasa, que também está andando na superfície de Marte, sua presença envia um sinal claro de que as capacidades espaciais da China estão alcançando as dos Estados Unidos.
O rover, que pesa cerca de 240 gramas e está equipado com seis instrumentos científicos, foi lançado de Hainan, na China, em 23 de julho de 2020. O rover passou sete meses em rota para Marte antes de entrar em sua órbita em fevereiro.
A Tianwen-1, ou “Busca pela Verdade Celestial” como a missão da China é chamada, é uma das três lançadas no ano passado, junto com o rover Perseverance, da NASA, que pousou em Marte em fevereiro, e a sonda Hope, dos Emirados Árabes Unidos, que entrou na órbita ao redor de Marte em fevereiro.
Mas ao contrário das missões dos EUA e da China, a sonda dos Emirados Árabes Unidos não tem como objetivo pousar em Marte – apenas estudar o planeta em órbita.
Todas as três missões foram lançadas ao mesmo tempo devido a um alinhamento entre a Terra e Marte no mesmo lado do sol, tornando a jornada mais eficiente para o planeta vermelho.
O Zhurong pousou em uma grande planície no hemisfério norte de Marte chamada Utopia Planitia. É onde o módulo de pouso Viking 2 da Nasa pousou em 1976.
O ambicioso programa espacial da China gerou manchetes no início deste mês, quando um foguete fora de controle mergulhou no Oceano Índico – desencadeando uma repreensão da Nasa por não conseguir “cumprir os padrões de responsabilidade em relação a detritos espaciais”.
O foguete Longa Marcha 5B havia lançado parte da nova estação espacial da China em órbita no final de abril e foi deixado pelo espaço sem controle até que a gravidade da Terra o puxasse de volta.
No sábado, o presidente da China, Xi Jinping, enviou seus parabéns pelo sucesso da missão a Marte, saudando-a como um “passo importante na exploração interestelar da China”.
Embora as autoridades chinesas e a mídia estatal tenham saudado a Tianwen-1 como a primeira missão do país a Marte, isso não é bem verdade.
A primeira tentativa da China de chegar a Marte foi em 2011 com a sonda Yinghuo-1, que deveria orbitar o planeta vermelho e estudar sua estrutura ambiental. Ele foi lançado do Cazaquistão em conjunto com a missão russa Phobos-Grunt em novembro daquele ano.
Mas a missão falhou, com um defeito que prendeu a sonda na órbita da Terra logo após o lançamento. Em 2012, a espaçonave reentrou na atmosfera da Terra e caiu no Oceano Pacífico.
(Texto traduzido; leia o original em inglês)