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    Cérebros preservados misteriosamente por mais de 12 mil anos são encontrados

    Descobertas podem fornecer informações novas e únicas sobre a história da humanidade, ajudando na compreensão de doenças antigas e da evolução cognitiva

    Estudo encontra cérebros humanos preservados há mais de 12 mil anos
    Estudo encontra cérebros humanos preservados há mais de 12 mil anos Alexandra L. Morton-Hayward/Divulgação

    Gabriela Maraccinida CNN

    Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, realizou o maior estudo até o momento sobre cérebros humanos preservados e reuniu mais de 4 mil cérebros preservados, muitos com mais de 12 mil anos. Desses, 1.300 cérebros eram os únicos tecidos moles (que não são esqueletos) preservados. As descobertas foram publicadas nesta quarta-feira (20), na Proceedings of the Royal Society B.

    O estudo levanta questões sobre porque o cérebro pode se manter preservado por milhares de anos enquanto outros órgãos são decompostos. No entanto, o mecanismo por trás dessa preservação ainda é desconhecido. Os pesquisadores acreditam que a reticulação molecular (rede de moléculas) e a complexação metálica (proteínas e lipídeos que se fundem na presença de elementos como ferro ou cobre) podem ser mecanismos viáveis para a preservação de tecidos nervosos por tanto tempo.

    “No campo forense, é bem sabido que o cérebro é um dos primeiros órgãos a se decompor após a morte – mas este enorme arquivo demonstra claramente que existem certas circunstâncias em que ele sobrevive. Se essas circunstâncias são ambientais ou relacionadas à bioquímica única do cérebro, é o foco do nosso trabalho atual e futuro”, afirma Alexandra Morton-Hayward, principal autora do estudo.

    “Estamos encontrando números e tipos surpreendentes de biomoléculas antigas preservadas nesses cérebros arqueológicos, e é emocionante explorar tudo o que elas podem nos dizer sobre a vida e a morte em nossos ancestrais”, completa.

    O atual estudo pode fornecer informações novas e únicas sobre a história da humanidade, ajudando na compreensão sobre a saúde e doenças antigas, além da evolução da cognição e do comportamento humano.

    Muitos dos cérebros encontrados pelos pesquisadores foram encontrados em registros que datam de meados do século XVII e há tecidos que foram encontrados em todos os tipos de indivíduos: desde a realeza egípcia e coreana, passando por monges e dinamarqueses, até exploradores do Ártico e vítimas de guerra.

    Cada cérebro encontrado na base de dados foi comparado com dados climáticos históricos da mesma área, para explorar tendências sobre quando e onde foram encontrados. As análises mostraram padrões nas condições ambientais associados a diferentes modos de preservação, incluindo desidratação, congelamento, saponificação (transformação de gorduras em “ceras”) e curtimento (em geral, com turfa, um material de origem vegetal, parcialmente decomposto, encontrado em camadas, geralmente em regiões pantanosas).