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    Avanço do coronavírus faz Twitter diminuir memes sobre o tema e ficar mais sério

    Entre 12 e 17 de março, foram 12,6 milhões de tuítes sobre o tema, revela estudo inédito da FGV-DAPP

    Leandro Resende , Da CNN Brasil, no Rio

    A discussão no Twitter sobre a pandemia do novo coronavírus (COVID-19) deixou de orbitar a partir do contexto internacional e do uso de piadas e memes, com preocupação crescente com os danos — econômicos, sociais e políticos — para o país, mostra estudo inédito obtido pela CNN junto à Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV-DAPP).

    À medida que a pandemia avançou pelo mundo e pelo Brasil, os tweets sobre o assunto passaram a revelar a preocupação com cuidados de higiene pessoal, defesa de medidas econômicas para proteger os mais prejudicados com a crise, elogios a iniciativas do Ministério da Saúde e autoridades estaduais para propor o fechamento de espaços públicos, estabelecimentos comerciais e locais de trabalho. Entre 12 e 17 de março, foram 12,6 milhões de tweets sobre o tema no Brasil.

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    Entre os dias 2 e 12 de março, 54% das interações no Twitter sobre o coronavírus versavam sobre memes e alguns compartilhamentos de informativos sobre o novo vírus, e críticas ao governo federal. A polarização política foi flagrante naquele período, quando o problema ainda era minimizado.

    Um total de 16,4% das interações uniam dois grupos: um, de eixo convencional, organizado a partir de perfis de esquerda e de oposição ao atual governo federal; e outro, de contas da imprensa tradicional, e que repercute estatísticas e dados sobre o avanço do coronavírus. Perto desse percentual, 12% dos tweets, foram da base de apoio ao governo federal, com a presença do perfil do Ministério da Saúde como influenciador, além do engajamento com atores políticos pró-Bolsonaro para a articulação de protestos e de conteúdo negativo sobre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

    A partir do dia 13 de março até o dia 17, o debate muda de foco. Cerca de dois terços (66,4%) dos tuítes deste período são sobre cuidados com a saúde, mensagens de humor com tom informativo, comentários negativos sobre o presidente Bolsonaro e repercussão de casos internacionais de pessoas infectadas.

    Outros 20,6% das interações desta nova fase partiram de perfis de esquerda, com aumento da presença desde o fim de semana de postagens críticas à postura do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia. 

    Para Marco Aurélio Ruediger, diretor de políticas públicas do FGV-DAPP, o estudo revela que o debate no Twitter foi fortemente influenciado pela demora do governo federal em dar a verdadeira dimensão do novo coronavírus. Segundo ele, a negação do presidente Jair Bolsonaro em reconhecer o tamanho da crise contribuiu para o deslocamento do debate.

    “O tema é de urgência absoluta na sociedade. O adoecimento de várias pessoas do entorno do presidente e sua demora em reconhecer a crise levou atores de direita e de centro, não só os de oposição, a levantarem suas vozes nas redes sociais para alertar a população dos seus estados, como fizeram os governadores João Doria e Wilson Witzel, por exemplo”, analisou Ruediger.