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    Astrônomos descobrem a galáxia morta mais antiga do Universo

    Sistema que parou rapidamente de produzir estrelas pode ajudar a descobrir mais sobre o começo do Universo

    Ashley Stricklandda CNN

    Astrônomos detectaram a galáxia “morta” mais antiga já observada usando o Telescópio Espacial James Webb. Essa é uma das visualizações mais profundas do universo feitas até o momento.

    A galáxia existia quando o universo tinha apenas cerca de 700 milhões de anos e sua idade atual é de cerca de 13,8 bilhões de anos, mas algo fez com que ela interrompesse repentinamente a formação de estrelas muito cedo. Isso aconteceu quase tão rápido quanto o início do nascimento das estrelas no Universo, há mais de 13 bilhões de anos. Os pesquisadores ainda não conseguiram definir a causa desse fenômeno.

    Um relatório descrevendo a descoberta foi publicado nesta quarta-feira (6) na revista Nature.

    De acordo com os autores, estudar essa galáxia pode revelar novidades sobre o começo do Universo e os fatores que afetam a formação de estrelas dentro do Universo.

    “As primeiros centenas de milhões de anos do universo foram uma fase muito ativa, com muitas nuvens de gás colapsando para formar novas estrelas”, disse o autor principal do estudo, Tobias Looser. “As galáxias precisam de um suprimento abundante de gás para formar novas estrelas, e o começo do Universo era como um buffet à vontade”, comentou o estudante de doutorado em astrofísica extragaláctica no Instituto de Kavli de Cosmologia da Universidade de Cambridge.

    A equipe de pesquisa ficou surpresa ao encontrar uma galáxia morta que viveu rápido e morreu jovem tão logo após o Big Bang, que criou o Universo.

    “Normalmente é só mais tarde no Universo que começamos a ver galáxias pararem de formar estrelas, seja devido a um buraco negro ou algo mais”, disse o coautor do estudo, Francesco D’Eugenio, astrofísico e pesquisador pós-doutorado no Instituto Kavli de Cosmologia, em comunicado.

    O que causa a morte das galáxias

    A formação estelar cessa quando fatores ambientais privam uma galáxia do gás necessário para iniciar o nascimento de novas estrelas.

    Buracos negros com grandes massas ou interações violentas entre estrelas podem ser os culpados por expelir o gás nas galáxias, interrompendo rapidamente a formação dos astros. Ou então, o próprio processo de nascimento estelar pode consumir tanto o gás, fazendo com que não haja tempo suficiente para que ele seja reabastecido o bastante para garantir que o processo continue no futuro.

    “Não estamos certos se algum desses cenários pode explicar o que vimos agora com Webb”, disse o coautor do estudo, Roberto Maiolino, professor de astrofísica experimental no Laboratório Cavendish e no Instituto Kavli de Cosmologia da Universidade de Cambridge.

    “Até agora, para entender o início do Universo, usamos modelos baseados no Universo moderno. Mas, agora que podemos enxergar muito atrás no tempo e observar que a formação estelar foi suprimida tão rapidamente nesta galáxia, pode ser necessário revisitar os modelos já criados”, acrescentou Maiolino.

    As observações do Webb revelaram que a recém-descoberta galáxia, chamada JADES-GS-z7-01-QU, experimentou um breve e energético surto de formação estelar que durou entre 30 e 90 milhões de anos antes que o nascimento das estrelas parasse repentinamente.

    “Tudo parece acontecer mais rápido e de forma mais dramática no início universo, e isso pode incluir galáxias passando de uma fase de formação estelar para uma fase dormente ou suprimida”, disse Looser.

    Uma observação incomum

    A galáxia morta revelada pelo estudo não é a primeira que os astrônomos encontraram, mas é a mais antiga observada até o momento. Além disso, ela também tinha uma massa baixa, semelhante a um sistema anão próxima à Via Láctea conhecida como Pequena Nuvem de Magalhães — que ainda está formando novas estrelas. Galáxias mortas anteriormente observadas eram muito maiores, adicionando mais uma peculiaridade à descoberta do Telescópio Espacial James Webb.

    A galáxia recém-descoberta está a bilhões de anos-luz de distância da Terra. Um ano-luz é a distância que um feixe de luz percorre em um ano, ou mais de 5,88 trilhões de milhas (cerca de 9,46 trilhões de quilômetros). Portanto, o Webb está observando a galáxia como ela existia no passado e os astrônomos não descartam a possibilidade de que ela possa ter ressuscitado e começado a formação de estrelas novamente.

    “Estamos procurando outras galáxias como esta no início do universo, o que nos ajudará a estabelecer algumas condições sobre como e por que as galáxias param de formar novas estrelas”, disse D’Eugenio. “Pode ser o caso de que os sistemas “morram” e depois voltem à vida. Precisaremos de mais observações para nos ajudar a descobrir isso.”

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