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    Vírus Marburg: o que é, como se transmite, quais são os sintomas e o tratamento

    Febre hemorrágica é causada por um vírus altamente infeccioso da mesma família do vírus Ebola

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    Marburg é uma febre hemorrágica, causada por um vírus altamente infeccioso da mesma família do vírus Ebola. Na última sexta-feira (27), o Ministério da Saúde de Ruanda confirmou casos inéditos no país de infecções pelo patógeno.

    O vírus é transmitido às pessoas por meio do manuseio de animais infectados vivos ou mortos ou pelo contato com a pele ou com líquidos corporais de uma pessoa infectada.

    A doença do vírus Marburg, que começa de maneira abrupta, apresenta febre alta, dor de cabeça intensa e mal-estar, além de dores musculares, diarreia, dor abdominal, náusea e vômito. O tempo de incubação do vírus varia de 2 a 21 dias. Os pacientes desenvolvem sinais hemorrágicos graves dentro de sete dias.

    Casos fatais, geralmente, apresentam sangramento nas vias aéreas. Na maioria dos casos, a morte ocorre entre 8 e 9 dias após o início, geralmente precedida por perda grave de sangue e choque, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). As taxas de mortalidade de casos variaram de 24% a 88% em surtos anteriores, dependendo da cepa do vírus e da capacidade para o gerenciamento de casos.

    Embora não existam vacinas ou tratamentos antivirais aprovados para tratar o vírus, os cuidados de suporte – como reidratação com fluidos orais ou intravenosos – e o tratamento de sintomas específicos reduzem os riscos de morte.

    Diversos tratamentos potenciais, incluindo produtos sanguíneos, terapias imunológicas e medicamentosas, bem como candidatas a vacinas com dados de fase 1 estão sendo avaliados. Cientistas também estão em uma corrida contra o tempo para desenvolver e implementar vacinas e tratamentos contra o vírus na Ruanda.

    Contexto histórico

    O reconhecimento inicial da doença aconteceu após dois grandes surtos que ocorreram simultaneamente em Marburg e Frankfurt, na Alemanha, e em Belgrado, na Sérvia, em 1967.

    O episódio foi associado ao trabalho de laboratório com macacos verdes africanos (Cercopithecus aethiops) importados de Uganda. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, 31 pessoas ficaram doentes, inicialmente profissionais de laboratório, seguidos por vários médicos e familiares. Sete mortes foram registradas.

    Posteriormente, surtos e casos esporádicos foram relatados em Angola, República Democrática do Congo, Quênia, África do Sul (em uma pessoa com histórico de viagem recente ao Zimbábue), Uganda e Gana. Em 2008, dois casos independentes foram relatados em viajantes que visitaram uma caverna habitada por colônias de morcegos Rousettus em Uganda.

    Casos da doença fora da África são raros.

    Como acontece a transmissão

    O hospedeiro reservatório do vírus Marburg é o morcego da espécie Rousettus aegyptiacus, que habita em cavernas e é amplamente distribuída pela África. Morcegos infectados não apresentam sinais característicos da doença. Primatas, como humanos e macacos, podem ser infectados e desenvolver doença grave com alta mortalidade.

    A infecção humana acontece a partir do contato com morcegos infectados.

    Uma vez que um indivíduo é infectado, o vírus pode se espalhar pela transmissão entre pessoas por contato direto (por meio de lesões na pele ou pelas membranas das mucosas) com sangue, secreções ou outros fluidos corporais de infectados.

    Objetos contaminados com fluidos corporais de uma pessoa que está doente ou morreu da doença, como roupas de cama, agulhas e equipamentos médicos, também são fontes de transmissão.

    As pessoas em maior risco são familiares e profissionais de saúde que cuidam de pacientes infectados sem o uso de medidas adequadas de prevenção. Veterinários e especialistas de laboratórios ou pesquisadores que atuam com primatas não humanos da África também podem ter maior risco de exposição ao vírus.

    Sinais e sintomas

    Após um período de incubação de 2 a 21 dias, o início dos sintomas é repentino e marcado por febre, calafrios, dor de cabeça e no corpo. Por volta do quinto dia após o início dos sintomas, pode ocorrer erupção na pele, principalmente no peito, costas região do estômago.

    Os pacientes podem apresentar náuseas, vômitos, dor no peito, dor de garganta, dor abdominal e diarreia. O agravamento da doença leva a sintomas como icterícia (cor amarelada dos olhos e da pele), inflamação do pâncreas, perda de peso significativa, delírios, choque, insuficiência hepática, hemorragia e disfunção de múltiplos órgãos.

    Diagnóstico

    Como os sinais e sintomas da doença causada pelo vírus Marburg são semelhantes aos quadros clínicos de outras doenças infecciosas, o diagnóstico pode acontecer de maneira tardia.

    A identificação de sintomas precoces característicos da doença e dados que relacionem a uma possível exposição ao vírus indicam a necessidade de isolamento do paciente e notificação das autoridades sanitárias.

    O diagnóstico pode ser realizado em laboratório a partir de amostras do paciente. As técnicas incluem o diagnóstico molecular (RT-PCR), que permite a identificação do material genético do vírus, e testes de antígeno.

    Tratamento

    Não existem tratamentos específicos para a doença causada pelo vírus Marburg.

    Pacientes internados em hospitais podem receber terapia de suporte, com o objetivo de controlar os impactos da infecção para o organismo. É o caso de repouso, hidratação, manutenção do status de oxigênio, controle da pressão arterial e o tratamento de possíveis complicações.

    Prevenção

    As medidas preventivas contra a infecção pelo vírus Marburg incluem:

    • Evitar contato com sangue e fluidos corporais de pessoas doentes;
    • Evitar contato com sêmen de uma pessoa que se recuperou da doença até que os testes mostrem que o vírus desapareceu do sêmen;
    • Evitar o manuseio de itens que possam ter entrado em contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada;
    • Evitar contato com morcegos egípcios e primatas não humanos em áreas onde a doença é encontrada.

    Diante da suspeita ou confirmação da doença, devem ser adotadas medidas de prevenção e controle de infecção para evitar o contato físico direto com o paciente.

    Além do isolamento, os cuidados incluem o uso de aventais, luvas e máscaras de proteção, esterilização e descarte adequado de agulhas, equipamentos e dejetos do paciente.

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