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    Vírus da varíola é antigo, mas tem comportamento diferente, diz diretora da OMS

    Conhecimento do vírus permite a adoção de medidas de saúde pública eficazes no controle da doença, segundo a diretora-geral de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da OMS Mariângela Simão

    Lucas RochaLayane Serranoda CNN , em São Paulo

    No Brasil, já foram confirmados mais de 800 casos de varíola dos macacos, de acordo com o Ministério da Saúde.

    Os casos foram registrados em São Paulo (595), no Rio de Janeiro (109), em Minas Gerais (42), no Distrito Federal (13), no Paraná (19), no Goiás (16), na Bahia (3), no Ceará (2), no Rio Grande do Sul (3), no Rio Grande do Norte (2), no Espírito Santo (2), em Pernambuco (3), em Mato Grosso do Sul (1) e em Santa Catarina (3).

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência em saúde pública de interesse internacional devido ao surto de varíola dos macacos no sábado (23).

    Em entrevista à CNN, a diretora-geral de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da OMS, Mariângela Simão, afirmou que o conhecimento prévio do vírus da varíola permite a adoção de medidas de saúde pública eficazes no controle da doença.

    “A gente está lidando com um vírus que é mais conhecido. O vírus da varíola dos macacos é um ‘parente’ do vírus da varíola e o qual já é conhecido há dezenas de anos. Já era endêmico em alguns países da África e o que se observou esse ano foi um comportamento muito pouco usual, um comportamento diferente desse vírus”, afirma Mariângela.

    “Ele era concentrado em alguns países africanos e tinha um número de pessoas que eram afetadas anualmente e a gente está vendo uma transmissão sustentada em outras regiões do mundo, ele está presente hoje em seis regiões do mundo”, completa a especialista.

    A diretora da OMS avalia que a declaração de emergência é uma medida que irá facilitar o enfrentamento da doença, com o investimento em diagnóstico e treinamento das equipes de saúde para a atenção aos sinais e sintomas.

    “A maior parte dos casos não está espalhada na população em geral ainda. O momento da declaração da emergência de saúde pública é um momento muito bom para estimular a colaboração e reforçar o que a gente aprendeu com a Covid. Rapidamente, países já colocaram mais investimento para fazer diagnóstico mais rápido desse vírus”.

    Segundo Mariângela, neste momento a vacina contra a varíola é indicada para grupos prioritários, incluindo pessoas que tiveram contato com casos confirmados da doença, profissionais de saúde em risco, equipes de laboratório que atuam com ortopoxvírus e especialistas em análises clínicas que realizam diagnóstico para a doença.

    Lesões na pele semelhantes a espinhas, que evoluem para bolhas são um dos principais sintomas da doença / Kateryna Kon/Science Photo Library/Getty Images

    Sinais e sintomas da varíola dos macacos

    A doença é causada por um vírus que pertence ao gênero ortopoxvírus da família Poxviridae. Existem dois grupos de vírus da varíola dos macacos: o da África Ocidental e o da Bacia do Congo (África Central).

    As infecções humanas com o tipo de vírus da África Ocidental parecem causar doenças menos graves em comparação com o grupo viral da Bacia do Congo, com uma taxa de mortalidade de 3,6% em comparação com 10% para o da Bacia do Congo.

    “A coisa mais importante sobre a varíola dos macacos é que ela causa uma erupção cutânea que pode ser desconfortável, pode causar coceira e pode ser dolorosa. Portanto, a coisa mais importante sobre cuidar de alguém com essa doença é basicamente cuidar da pele e cuidar de quaisquer sintomas que alguém possa ter, como dor ou coceira”, afirma a cientista Rosamund Lewis, líder técnica sobre varíola dos macacos do Programa de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS).

    O vírus da varíola dos macacos é transmitido de uma pessoa para outra por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. O período de incubação é geralmente de 6 a 13 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias.

    “A varíola dos macacos se espalha pela proximidade, cara a cara, pele a pele, contato direto. É assim que sempre foi descrito. Pode haver algumas coisas novas acontecendo neste surto agora. Não sabemos tudo. Ainda há muito o que aprender”, disse a pesquisadora da OMS.

    A OMS alerta que alguns desses casos estão sendo identificados em pacientes gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens. A doença pode ser transmitida pelo contato com a pele durante o sexo, incluindo beijos, toques, sexo oral e com penetração com alguém que tenha sintomas.

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