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    Verme comum em cobras píton é achado no cérebro humano pela 1ª vez, aponta estudo

    Idosa de 64 anos foi submetida à cirurgia para remoção do parasita, que estava vivo em seu cérebro e media 8 centímetros

    Equipe médica detecta infecção de Ophidascaris robertsi em mulher de 64 anos
    Equipe médica detecta infecção de Ophidascaris robertsi em mulher de 64 anos Reprodução

    Renata Souzada CNN

    em São Paulo

    O relato inédito do caso de uma mulher infectada por um verme comum em cobras píton foi publicado na edição mais recente da revista Emerging Infectious Diseases. De acordo com o estudo, a mulher, de 64 anos, residente na Austrália, foi submetida a uma biópsia que removeu o parasita em junho de 2022.

    Quando foi retirado do cérebro da paciente, o verme, da espécie Ophidascaris robertsi, media 8 centímetros e estava vivo. A equipe médica constatou que se tratava de uma larva em terceiro estágio.

    Esta é a primeira vez que uma infecção com larvas de O. robertsi é relatada em humanos, indica o artigo. A hipótese dos autores é de que a mulher tenha sido infectada de maneira direta, após consumir ovos do verme em vegetação colhida para alimentação, ou indireta, pela contaminação de suas mãos ou utensílios de cozinha.

    Embora a mulher não tenha sido identificada, o relato, assinado pelo médico infectologista Mehrab E Hossain e outros autores, revela que ela morava em uma área de lago habitada por cobras píton-tapete.

    O caso surpreendeu a comunidade científica, porque, até então, estudos experimentais anteriores não “demonstraram desenvolvimento larval em animais domesticados, como ovelhas, cães e gatos, e mostraram crescimento larval mais restrito em aves e mamíferos não nativos do que em mamíferos nativos”.

    De acordo com o relato, seis meses após a cirurgia de retirada do verme, os sintomas neuropsiquiátricos melhoraram, mas se mantiveram.

    Relato clínico

    A paciente buscou atendimento médico pela primeira vez no começo de 2021, com queixas de dor abdominal e diarreia, seguida de tosse seca e suores noturnos. O primeiro diagnóstico foi de pneumonia eosinofílica.

    Três semana mais tarde, a mulher recorreu novamente a um hospital devido à febre recorrente e tosse, enquanto fazia uso do medicamento indicado anteriormente.

    No ano de 2022, a paciente passou a apresentar perda de memória e agravamento de um quadro depressivo. Na ocasião, a equipe médica identificou uma lesão em seu lobo frontal direito, que levou à biopsia.

    Durante a intervenção cirúrgica, os médicos notaram “uma estrutura semelhante a um fio dentro da lesão”, que posteriormente seria identificada como uma larva de terceiro estágio de Ophidascaris robertsi.

    Depois da remoção do verme, a paciente fez uso de vermífugos e um corticoide para combater possíveis larvas em outros órgãos.