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    Veja mudanças na alimentação que podem diminuir mortes e impacto ambiental

    Estudo brasileiro indicou alterações moderadas e acessíveis que beneficiam saúde humana e preservação do planeta

    Gabriela Maraccinida CNN

    Adotar mudanças na alimentação, de forma moderada e acessível, pode evitar um número significativo de mortes e reduzir os impactos ambientais. É o que mostra um estudo realizado pelo Instituto de Medicina Social (IMS), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A pesquisa analisou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre preço e consumo de alimentos no Brasil entre os anos de 2017 e 2019.

    A análise foi publicada em abril no European Journal of Nutrition. A partir dos dados, os pesquisadores elaboraram cenários hipotéticos alternando a frequência semanal e o tamanho da porção de alimentos. Para isso, foram escolhidos itens que fazem parte da alimentação brasileira e que seus impactos, positivos ou negativos, na saúde e no meio ambiente, que já são conhecidos pela ciência.

    Depois, eles analisaram cada cenário e apontaram intervenções no âmbito de políticas públicas para a melhoria na saúde da população e no meio ambiente.

    “As intervenções poderiam, por exemplo, concentrar-se em grupos com baixo consumo de frutas e legumes ou alto consumo de carnes vermelhas e processadas, ou seja, indivíduos com maior risco de resultados adversos”, diz o professor Eliseu Verly Jr., médico e nutricionista do Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (Nebin/IMS) e autor do estudo. “As alterações sugeridas estão muito aquém do que em geral é recomendado para uma alimentação saudável, por isso rotulamos os cenários como ‘moderados’”, completa.

    De acordo com o estudo Global Burden of Disease (GBD) de 2019, no Brasil, 150 mil mortes poderiam ser atribuídas à baixa ingestão de alimentos benéficos e ao alto consumo de itens prejudiciais à saúde, como alimentos ultraprocessados e gordurosos.

    Em relação aos impactos no meio ambiente, estima-se que 46% e 26% do total de emissões de gases de efeito estufa em 2020, no Brasil, estão relacionadas às mudanças no uso da terra e à agricultura, respectivamente. Além disso, a pecuária representa cerca de 70% das emissões agrícolas do país.

    Além disso, os autores reforçam que ambas as situações estão relacionadas entre si. “As alterações climáticas e ambientais têm sido associadas a problemas de saúde como por exemplo, doenças cardiovasculares. Dessa forma, as mudanças dietéticas são uma estratégia fundamental para reduzir a carga de doenças e preservar o meio ambiente” explica o professor.

    Quais são as sugestões do estudo?

    O estudo sugere, a partir das suas conclusões, que as intervençôes mais favoráveis para mudar esses cenários seriam reduzir o consumo de carne vermelha e processada, que levaria a uma queda global de custos com a alimentação de 10%, e ampliar a ingestão de frutas, legumes e verduras, o que poderia fazer os custos com alimentação subirem 11,6% nos grupos de renda mais baixa e 5,7% nos de renda mais alta.

    Além disso, de acordo com os pesquisadores, cortar o consumo de carne também poderia reduzir os impactos ambientais, mitigando os efeitos na população marinha, na acidificação terrestre e no aquecimento global.

    Na visão de Verly, a dimensão econômica da alimentação é particularmente importante nos países mais pobres, onde uma elevada porcentagem da renda total é atribuída à compra de alimentos. Segundo o especialista, substituir o arroz branco por integral é um caminho mais viável economicamente para a população de baixa renda do que aumentar a ingestão de frutas, legumes e verduras, além de ser logisticamente mais fácil de implementar, já que não requer visitas frequentes aos mercados ou preparação adicional para consumo.

    Por fim, o estudo concluiu que a combinação de todas as intervenções reduziria a mortalidade por doença cardíaca isquêmica em 17%, além de possibilitar queda de, aproximadamente, 12% nos índices de câncer de esôfago, diabetes tipo 2, câncer de cólon e reto e riscos de AVC (acidente vascular cerebral).

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