Varíola dos macacos está avançando para outras populações, diz infectologista
Prefeitura de São Paulo confirmou, na noite da última quinta-feira (28), a infecção de três crianças pela doença
O infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) Álvaro Furtado declarou, nesta sexta-feira (29), em entrevista à CNN, que a varíola dos macacos está deixando de se concentrar apenas em homens que fazem sexo com outros homens e afetando mais públicos.
A Prefeitura de São Paulo confirmou, na noite da última quinta-feira (28), a infecção de três crianças pela doença. Todas estão sendo monitoradas e não apresentam sinais de agravamento.
“A doença está avançando para outras populações. A gente já sabia que isso iria acontecer. Tínhamos aquele nicho inicial concentrado na população de homens que fazem sexo com homens. E, assim como a epidemia de HIV, o vírus começa a circular em crianças, gestantes, mulheres e em pessoas com a imunidade mais baixa”, explica Furtado.
“E a nossa grande dúvida é entender até que ponto as pessoas com a imunidade mais baixa, as gestantes e os imunossuprimidos, podem ter alguma manifestação de gravidade dessa doença. Porque, até então, os quase 20 mil casos que a gente tem hoje comentados pela OMS [Organização Mundial da Saúde], a maioria absoluta tinha doença de pele”, continua.
Ainda nesta sexta-feira, foi confirmada a primeira morte por varíola dos macacos no Brasil. A vítima foi um homem, de 41 anos, que estava internado em Belo Horizonte. A informação foi confirmada pelo Ministério da Saúde.
De acordo com a pasta, o paciente apresentava baixa imunidade e comorbidades, incluindo um quadro de linfoma, câncer no sistema linfático, que levaram ao agravamento clínico. A causa da morte foi apontada como choque séptico, agravada pela infecção pelo vírus Monkeypox.
Para Furtado, a evolução dos casos para formas graves e óbito “abre um sinal de alerta para a necessidade de um planejamento, especialmente no sentido de termos vacina antes que esse número de óbitos caminhe para valores mais significativos.”
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, informou que a primeira remessa de vacinas contra varíola dos macacos adquiridas pelo país deve ser entregue em setembro. A segunda parcela deve chegar ao país em novembro.