Variante B.1.1.529 do coronavírus deve ser nomeada nesta sexta pela OMS, diz diretora-geral
Organização Mundial da Saúde se reúne hoje para avaliar nova variante da África; caso ela seja de preocupação ou interesse, ela será identificada por uma letra do alfabeto grego
Uma nova linhagem do novo coronavírus, B.1.1.529, foi identificada em Botsuana, no sul da África, e tem preocupado cientistas. Reunião da Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta sexta-feira (26) busca identificar se há ou não gravidade nesta cepa. Além disso, a mutação deve ser nomeada por uma letra do alfabeto grego, é o que explica a diretora-geral de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da (OMS), Mariângela Simão, em entrevista à CNN.
Segundo a diretora-geral, o encontro acontece junto a um grupo de especialistas que buscarão também identificar se a B.1.1.529 deve ser monitorada. “Se ela for considerada de preocupação ou de interesse, vai ser dado um nome para ela. Nós devemos saber até o final do dia de hoje. Como já temos 100 sequências, a gente já sabe a grande quantidade de mutações e onde elas estão.”
A mudança nos nomes para letras do alfabeto grego foi recomendada por um grupo de especialistas convocados pela organização. Segundo a OMS, a nomenclatura será mais fácil e prática de ser discutida por públicos não científicos e evitará termos que podem ser “estigmatizantes” ao associar um país ou região à doença.
Como exemplo, a cepa identificada no Brasil, P.1, foi classificada de Gamma.
Ainda de acordo com a diretora-geral da OMS, existem no mundo inteiro oito variantes sob monitoramento da organização, além de seis já instaladas. Mariângela explica que a comoção do mundo com a linhagem sul-africana se relaciona ao novo pico que alguns países enfrentam por conta da Delta. “Um bom sinal da gente ter tido a detecção desta variante tão cedo é que está todo mundo em alerta.”
“O que vai dar com essa variante que foi identificada na África do Sul a gente ainda não sabe, mas serve de alerta para países que estão considerando uma grande flexibilização das medidas de Saúde Pública.”
A desigualdade na cobertura vacinal entre os países é um dos motivos que vêm sendo apontados pela OMS como propulsor do aparecimento de novas variantes. Na África, apenas 1 em cada 4 profissionais de saúde está vacinado contra Covid-19. “A realidade é que a desigualdade na cobertura vacinal ainda é muito grande”, destaca.
No entanto, Mariângela Simão também chama a atenção para as baixas coberturas em países onde o problema não é a falta de doses.
“Você vê países que não têm dificuldade de acessar a vacina, mas que tem muito movimento anti-vacina. Então, há grupos vulneráveis no mundo todo. Não é só dizer que tudo é culpa da África porque eles não tiveram vacina, tem variantes circulando em todos os países. A OMS tem variantes sob monitoramento em diversos continentes, inclusive nas américas.”