Vacinas brasileiras são promissoras, mas pesquisas ainda estão no início
Apesar do otimismo gerado pelos anúncios, é preciso manter a calma. Ainda não há garantia de que as vacinas possam se tornar eficientes
Com o anúncio de duas vacinas nacionais em desenvolvimento, o Brasil ganhou um sopro de esperança no combate à pandemia de Covid-19. Butanvac e Versamune tiveram pedidos de autorização para o início de testes clínicos feitos à Anvisa (Agência Nacional de Segurança Sanitária).
Além das anunciadas nesta semana, existem mais 15 vacinas 100% nacionais em desenvolvimento, que estão na fase de estudos pré-clínicos.
O Instituto Butantan foi o primeiro a anunciar, na última sexta-feira (26), uma nova vacina contra a Covid-19, a Butanvac. Logo em seguida, a Versamune foi anunciada pelo governo federal.
A Anvisa já recebeu os pedidos de autorização para testes das vacinas em seres humanos. O órgão ainda não deu um prazo para a resposta. Caso os pedidos sejam aprovados, os dois imunizantes vão passar por três fases de testes clínicos antes da aprovação da distribuição.
Sem motivo para euforia
Mas, apesar do otimismo gerado pelos anúncios, é preciso manter a calma. Ainda não há garantia de que as vacinas possam se tornar eficientes.
“São os estudos clínicos que vão demonstrar a capacidade destas vacinas de proteger contra a doença, contra a transmissão em idosos e variantes. Então, não há porque criarmos falsas expectativas na população de que daqui a alguns meses teremos milhões de doses dessas vacinas que sequer foram testadas”, explica o infectologista Renato Kfouri.
As duas novas vacinas integram um grupo de 17 imunizantes que estão sendo desenvolvidos em várias partes do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Todas são monitoradas pelo Ministério da Saúde.
As pesquisas estão no estágio de testes pré-clínicos, em laboratórios ou animais. Na Universidade Federal de Minas Gerais, a etapa chamada de “prova de conceito” – testes em camundongos – já foi concluída.
Por lá, o projeto é conduzido por quatro pesquisadores. A microbiologista Ana Paula Fernandes, uma das integrantes do grupo, afirma que o resultado inicial mostrou que o imunizante tem potencial para proteção contra o coronavírus.