Vacinação poderá ser paralisada até a chegada de novas doses, diz João Gabbardo
Coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo afirmou que duas remessas de insumo da Coronavac estão atrasadas
O coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 no estado de São Paulo, João Gabbardo, afirmou, em entrevista à CNN nesta terça-feira (19), que, em algum momento, a vacinação contra o novo coronavírus terá de ser reduzida, e até mesmo paralisada, por falta de doses no país.
“O processo de vacinação não vai ser contínuo. O Brasil tem condições de vacinar dois, três milhões de pessoas por dia. Nós temos aí 6 milhões de doses, isso seria suficiente para vacinar em três dias de uma forma plena, com todas as unidades de saúde funcionando. É muito pouco”, disse.
“A população vai ter que estar preparada para isso, os gestores, secretários de Saúde e governadores vão ter que estar preparados para isso. Nós vamos começar a vacinação, em alguns momentos a vacinação vai ter que ser paralisada ou reduzida aguardando a chegada de novas doses. É certo que vai acontecer isso”, afirmou Gabbardo à CNN.
Gabbardo também contou que duas remessas de insumo da Coronavac, imunizante produzido pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo, estão atrasadas.
“Tínhamos uma previsão de ter recebido, já no início de janeiro, uma remessa importante que daria para produzir em torno de 10, 12 milhões de doses. Houve um atraso, não recebemos esse insumo. E também já programaram uma reprogramação, digamos, de uma segunda remessa, que chegaria no início de fevereiro. Então, esse total dá em torno de 12 mil litros, em tese capaz de produzir 24 milhões de doses de vacina. Essas duas remessas foram divididas em dois novos lotes. O primeiro deve chegar no início de fevereiro”, explicou.
“A chegada no início de fevereiro, em torno de 5 mil litros, vai dar para produzir 10 milhões de doses. E a seguir receberíamos os outros 7 mil litros, para produzir mais 14 milhões de doses.”
Aprovação de mais doses da Coronavac
Gabbardo falou ainda sobre a expectativa para a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a novos lotes da Coronavac. Segundo ele, como o Butantan tem uma enorme tradição na produção de vacinas, não deve haver problemas com a aprovação.
“Essa nova autorização de uso emergencial vai se referir simplesmente a uma mudança que tem na planta onde as vacinas foram produzidas. Na primeira autorização foi analisado o processo da planta na China, e essa segunda remessa as vacinas foram produzidas no Butantan”, argumentou.
“Agora, o que vai se analisar são as boas práticas de vacinação do Butantan. Não vai entrar no mérito a discussão de eficácia, estudos da fase 3. Agora é só olhar as condições de práticas de produção. (…) Entendo que a partir daí não vai ser mais necessário a cada nova remessa fazer uma nova análise de produção. Simplesmente o Butantan vai informar a cada quantitativo novo para que a Anvisa possa de imediato autorizar as novas remessas que já serão produzidas no instituto.”
(Publicado por Daniel Fernandes)