Unicef: 1 em cada 7 jovens pode sofrer transtorno mental por causa da pandemia
No quadro Correspondente Médico, Fernando Gomes falou sobre impactos na saúde mental de crianças e adolescentes por nova rotina imposta pela Covid-19
Na edição desta segunda-feira (11) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre um alerta do Unicef (Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para Infância) sobre os efeitos da pandemia para crianças e adolescentes.
Segundo o principal relatório da organização, as novas gerações poderão sentir o impacto da saúde mental por anos. Isso porque crianças e jovens tiveram que ficar longe do ambiente escolar, dos amigos, das brincadeiras e até de pessoas da família por muito tempo — elementos considerados fundamentais durante a infância.
A estimativa sobre isso é preocupante: uma em cada sete crianças e adolescentes pode sofrer com algum transtorno mental no futuro. O relatório do Unicef também aponta que pouco tem sido feito para combater o problema. Um mapeamento mostra que apenas 2% dos orçamentos públicos de saúde no mundo são destinados para cuidados mentais.
Fernando Gomes destacou que os efeitos psicológicos da pandemia podem afetar crianças e jovens de maneiras diferentes, a depender da faixa etária. Nos mais novos, segundo o médico, o cérebro ainda é muito “plástico” e pode se adaptar mais facilmente à vida pós-pandemia.
“Já as crianças mais velhas e adolescentes tiveram um impacto diferente do que conhecemos. É difícil avaliar o que vai acontecer no futuro, mas podemos imaginar que, provavelmente, pode ocorrer uma tendência a interpretar o mundo como algo perigoso — o que é bastante preocupante”, alertou.
“Essa atenção [para a saúde mental] é importante que aconteça desde casa até a escola e na sociedade como um todo, para que não tenhamos uma próxima geração extremamente comprometida por um problema que foi efeito secundário da pandemia.”
Sinais de alerta
O médico também listou os principais sinais de alertas em crianças e adolescentes que tiveram a saúde mental comprometida na pandemia.
São eles:
- Mudança de comportamento;
- Irritabilidade;
- Mudança do padrão alimentar.
“Isso além da própria conversa da criança e, do ponto de vista digital, o que tem sido a distração dela. A criança nem sempre responde a uma manifestação clínica da depressão com tristeza, e, muitas vezes, pode mostrar isso de forma agressiva. Mais do que nunca, é importante termos paciência e notarmos mudança de padrão”, completou Gomes.
(*Com informações de Daniel Corrá, da CNN, em São Paulo)