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    Uma solução analógica contra a ansiedade do isolamento: quebra-cabeças

    Na internet, pessoas em quarentena pelo novo coronavírus compartilham imagens resolvendo vários tipos de quebra-cabeça

    AJ Willingham, da CNN

    Com milhares de pessoas afetadas pela combinação entre quarentena e ansiedade pelo novo coronavírus, muitos buscam novas formas de passar a tempo. E os que compartilham na internet suas rotinas parecem estar fascinados por uma solução super analógica: os quebra-cabeças.

    Jogadores da NBA estão se divertindo com eles. Estrelas do futebol internacional também. Até a rainha da mídia social Kylie Jenner está montando quebra-cabeças. Varejistas locais viram as vendas baterem recordes e os feeds do Instagram estão cheios de pessoas mostrando seu trabalho.

    No entanto, não é apenas a monotonia do isolamento social que trouxe esse passatempo de volta aos holofotes. Os quebra-cabeças estão em alta há cerca de um ano, acompanhando a moda de outras atividades contemplativas e de baixa tecnologia, como livros para colorir e os organizadores de rotina.

    Em 2019, o MarketWatch previu que o valor da indústria de quebra-cabeças poderia chegar a US$ 730 milhões [R$ 3,8 bilhões] até 2024.

    Com esse interesse renovado, os quebra-cabeças entraram no mainstream com reformas elegantes e uma nova reputação como uma atividade saudável de autocuidado.

    Tempo de qualidade, peça por peça

    Amanda Kahle e seu marido Christopher começaram seu negócio de quebra-cabeças, o Inner Piece, há pouco mais de um ano. O casal de Los Angeles tinha empregos exigentes em período integral e estava se sentindo cansado quando, por acaso, os dois descobriram essa possibilidade.

    “Estávamos em casa no Natal de 2018 e dissemos: ‘Precisamos guardar os telefones e ter uma pausa de verdade.'” Kahle achou um quebra-cabeça que tinha ganhado da sogra e a família se reuniu para resolvê-lo, em uma noite que tomou um rumo agradável.

    “Nossos filhos ficavam ao nosso redor, colocavam algumas peças e depois iam brincar”, diz Kahle. “Estávamos conversando, bebendo vinho e interagindo, em vez de apenas, digamos, assistir a um filme.”

    Esse elemento colaborativo, que não é tão forte em outros hobbies antigos, como colorir ou bordar, é uma das razões pelas quais Kahle acha que alguns recorrem às caixas de quebra-cabeça, em vez de controles remotos ou tablets quando desejam um tempo de qualidade.

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    “Você pode conversar, alguém pode ler por perto e ainda se sentir incluído. E mesmo se você estiver completamente focado, sentirá que estão fazendo algo juntos”, diz ela.

    A doutora Vaile Wright, diretora de pesquisa clínica e qualidade da Associação Americana de Psicologia (APA), diz que há mais benefícios nas atividades sociais do que apenas acabar com o tédio, especialmente quando você fica isolado por longos períodos de tempo.

    “A conexão social é fundamental para amortecer nossa resposta ao estresse”, diz ela. “Sabemos, por pesquisas, que o isolamento pode levar a sentimentos de depressão, tristeza, desesperança, frustração e irritabilidade. Portanto, atividades como essa não são frívolas. Precisamos proteger nossa saúde mental e física durante uma crise”, argumenta.

    Cara nova, hobby antigo

    Basta uma ida rápida a uma livraria local (ou uma visita ao seu site, afim de respeitar o isolamento social) para ver que os quebra-cabeças modernos têm pouca semelhança com os tradicionais jardins e cenas de praia de tempos atrás.

    Não que haja algo errado com as glicínias ou palmeiras iluminadas pela lua, mas como pessoas de todas as gerações e gostos redescobrem os prazeres da intrigante arte de montar, os quebra-cabeças estão se tornando muito mais elegantes. Baby Yoda, o rosa dos millenials e até a boy band coreana BTS viraram tema de quebra-cabeças populares.

    Kahle diz que quando ela e o marido decidiram transformar seu amor por quebra-cabeças em um negócio entraram em contato com artistas para criar cenas especiais que rompiam com os velhos modelos de quebra-cabeças.

    “Queríamos imagens que as pessoas desejariam ter em sua casa”, diz Kahle. “As pessoas estão reinventando coisas antigas há algum tempo, então por que não dar uma nova olhada nisso?”

    A Inner Piece continua com as vendas online durante o surto de coronavírus e Kahle diz que notou um aumento nos pedidos. Ela relata que os clientes estão entrando em contato com falar como resolver quebra-cabeças tem sido um ponto positivo em seu isolamento.

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