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    Ultrassom dos pulmões pode prever agravamento de casos de Covid-19, diz pesquisa

    Exame pode ajudar no planejamento de recursos e atendimento em hospitais

    Larissa Santos, colaboração para a CNN Brasil

     

    Um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo aponta que a ultrassonografia do pulmão pode ser uma ferramenta para prever o agravamento do quadro de pacientes com Covid-19 e sinalizar quais casos demandam prioridade de atendimento em um cenário de recursos hospitalares limitados.

    Os pesquisadores aplicaram um método de exame que analisava a pontuação de 12 áreas do pulmão, e quanto mais pontos, maior a chance de complicações pela Covid-19.

    A pesquisa Lung ultrasound score predicts outcomes in Covid-19 patients admitted to the emergency department  foi apoiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e publicada no jornal acadêmico Annals Of Intensive Care.

    Exames de imagem são comumente usados para diagnóstico de problemas pulmonares em pacientes com o novo coronavírus e a ultrassonografia é um dos métodos mais simples.

    A ultrassonografia pulmonar ainda tem o benefício de poder ser feita à beira do leito do paciente, ou seja sem precisar movimentá-lo, tipo de exame conhecido como point of care (teste no ponto de atendimento). O equipamento também é portátil e tem baixo custo. 

    Outra vantagem é que a interpretação dos resultados de uma ultrassonografia exige um treinamento menor dos médicos do serviço de emergência, diferente de uma tomografia, por exemplo. 

    Dado seus benefícios e utilidades, médicos do pronto-socorro de clínica médica do Hospital das Clínicas, coordenados pelo médico Heraldo Possolo de Souza, levantaram a possibilidade de que o exame pudesse prever a necessidade de intubação de pacientes com Covid-19. 

     

    A pesquisa foi feita com 180 pacientes diagnosticados pelo método de RT-PCR, que foram atendidos no pronto-socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo, entre os meses de março e maio de 2020.  A idade média dos participantes era 60 anos e 58% eram homens.

    O método usado, chamado de protocolo LUS, permite calcular a pontuação obtida na ultrassonografia do pulmão, analisando 12 regiões do órgão.

    Cada uma das regiões tem uma pontuação, que vai de 0 a 3, avaliando o padrão de ventilação da área. O resultado final pode ir de 0 a 36, ao fazer a soma total dos pontos das 12 regiões.

    Os dados da pesquisa mostram que pacientes com escore total variando de 14 a 16 pontos tem alta probabilidade de precisar de UTI. Os que apresentaram pontuação maior de 20 pontos tinham maior risco de chegar a óbito.

    A pontuação média dos pacientes foi de 18,7 pontos, e,  entre o total de 180 pacientes analisados, 74 necessitaram de um leito de UTI, 52 foram intubados e 61 morreram.

    Dessa forma, foi confirmada a hipótese que o escore do protocolo LUS, apresentado pela ultrassonografia pulmonar pode ajudar a prever a necessidade de leitos de UTI, intubação e até óbito de pacientes graves de coronavírus. 

    O tempo médio entre o ultrassom e a intubação foi de 2 dias — não há, entretanto, relação entre o tempo de sintomas e a realização do exame.

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