Uip e Gabbardo comentam a abrangência da Covid-19 seis meses após 1º caso
Eles lembram que os tratamentos e recomendações tiveram que ser adaptados conforme novas descobertas sobre o coronavírus
A quarta-feira (26) marca seis meses da primeira infecção confirmada do novo coronavírus no Brasil. Desde então, a doença seguiu um crescimento vertiginoso no país, com os dados mais atualizados dando conta de um total de 177.666 mortos e 3,7 milhões de infectados das doenças no país.
Para entender o panorama da Covid-19 no Brasil, a CNN entrevistou dois nomes que estão desde o início da pandemia lidando com as estratégias de enfrentamento contra a doença, David Uip, médico infectologista e ex-chefe do comitê de contingência do estado de São Paulo, e João Gabbardo, secretário-executivo do Comitê de Contingência da Covid-19 em São Paulo e ex-membro do Ministério da Saúde.
Em comum, os dois admitem surpresa pelo tamanho e abrangência da pandemia e disseram que os tratamentos e recomendações tiveram que ser adaptados conforme novas descobertas.
“Infectologistas esperavam vírus mais agressivo. Imaginávamos que a doença teria trajetória similar à da H1N1, que chegou muito forte no Brasil, mas logo desenvolveram uma vacina e um remédio. Quando a Covid-19 atingiu a Europa é que tivemos a dimensão do que realmente aconteceu,” diz Uip.
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“Inicialmente a dúvida era como dar as recomendações para a população, uma vez que não sabíamos nada do vírus. Primeiro recomendamos para as pessoas com sintomas ficarem em casa e só procurar um serviço de urgência se apresentar sintomas respiratórios. Naquele momento era isso que tinha que ser feito porque não tínhamos leitos de isolamento nem orientação de como atender os pacientes. Isso mudou, assim como a recomendação do uso de máscara,” disse Gabbardo, que também questionou a confusão de ordens entre o Ministério da Saúde e o governo federal.
“Não conseguimos comunicar adequadamente com a sociedade porque ela ficava dividida”, disse. “Isso foi um grande problema para a gente.”
Apesar dos números negativos na pandemia no país, Uip ressaltou que o país aprendeu a manusear com o vírus, mas que isso pode não ser o suficiente para o enfrentamento da doença. “Sabemos como lidar com ele, mas às vezes isso não é o suficiente especialmente com a população mais idosa, onde você precisa tratar rapidamente.”
Já Gabbardo diz que o atual momento da pandemia trouxe questionamentos que ele não imaginava que aconteceriam no início da pandemia, como por exemplo o perigo da reinfecção, que antes era descartado e agora está em voga nas discussões médicas ao redor do planeta.
(Edição do texto: Paulo Toledo Piza).