Tratamento contra a Covid-19 com anticorpos de lhamas entra em testes na Bélgica
As lhamas e outros membros da família dos camelos são únicos entre os mamíferos que produzem versões menores de anticorpos convencionais
Uma start-up biomédica belga lançou testes clínicos para determinar se os anticorpos derivados de uma lhama poderiam desempenhar um papel na luta contra a Covid-19.
As lhamas e outros membros da família dos camelos são únicos entre os mamíferos que produzem versões menores de anticorpos convencionais que podem ser combinados para servir a diferentes propósitos. E a um baixo custo.
“É um pouco como a proteína ‘Lego’ que você pode (combinar) muito mais facilmente do que com outros anticorpos”, disse o pesquisador Nico Callewaert, em referência ao jogo de construção dinamarquês.
Xavier Saelens, também trabalhando para o VIB-UGent Center for Medical Biotechnology da Bélgica, acrescentou que o tamanho pequeno dos anticorpos os tornou mais estáveis, mais fáceis de reproduzir e mais versáteis.
As propriedades únicas dos membros da família dos camelos foram descobertas quase por acaso pela Universidade VUB de Bruxelas, há cerca de 30 anos.
O ExeVir, um braço do centro, iniciou um ensaio com voluntários saudáveis, tendo já começado a administrá-lo em pacientes hospitalizados.
“O primeiro objetivo é ver se está funcionando em pacientes, se funciona da mesma forma que em ratos e hamsters”, disse Saelens à Reuters.
O diretor médico da ExeVir, Dominique Tersago, disse que os tratamentos derivados de minúsculos anticorpos de uma lhama belga, chamada Winter, podem proteger aqueles cujo sistema imunológico está comprometido ou encurtar as hospitalizações dos infectados. Ele acrescentou que os dados são encorajadores.
ExeVir não seria o primeiro usuário de tão pequenos “nanocorpos”. A francesa Sanofi pagou 3,9 bilhões de euros pela compra da empresa médica Ablynx, sediada em Ghent, em 2018.