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    The Lancet: revista científica critica a Índia por falhas no combate à Covid-19

    A publicação médica classificou a resposta do governo do primeiro-ministro Narendra Modi como "imperdoável"

    Índia bate recorde de casos da Covid-19
    Índia bate recorde de casos da Covid-19 Foto: Reprodução/CNN

    Julia Hollingsworth and Manveena Suri, da CNN

     

    O governo indiano foi criticado por ignorar os avisos de uma segunda onda, encorajando a complacência e deixando de ser transparente sobre os dados da Covid-19, disse um editorial contundente na prestigiosa revista científica The Lancet.

    A publicação classificou a resposta do governo do primeiro-ministro Narendra Modi como “imperdoável”.

    A Índia está atualmente em meio ao pior surto de Covid-19 do mundo. O país relatou 403.738 casos adicionais neste domingo (9), marcando o quarto dia consecutivo em que registrou mais de 400 mil casos e elevando o total de infecções relatadas para mais de 22 milhões.

    Mais de 900 mil pacientes de Covid-19 na Índia estão usando suporte de oxigênio — cerca de um quarto dos casos ativos — e outros 170 mil estão usando ventiladores, disse o ministro da saúde do país, Harsh Vardhan, no sábado (8).

    A Índia tem uma taxa de positividade de teste de cerca de 22%, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, o que significa que provavelmente não está capturando todos os casos de Covid-19.

    O ministério da saúde também relatou 4.092 mortes adicionais no domingo (9), pela segunda vez consecutiva o país registrou mais de 4 mil mortes em um único dia.

    A Índia já registrou 242.362 mortes de Covid-19 — o terceiro maior número de mortes no mundo. O Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington estima que, em agosto, a Índia poderá atingir 1 milhão de mortes.

    “Se esse resultado acontecer, o governo (do primeiro-ministro Narendra) Modi seria responsável por presidir uma catástrofe nacional autoinfligida”, advertiu o editorial do Lancet.

    De acordo com o editorial do Lancet, a Índia “desperdiçou seus primeiros sucessos” no controle da Covid-19.

    O governo fracassou ao dar ao público a impressão de que o país havia vencido o vírus, o que incentivou a complacência e a preparação insuficiente, e retardou o início da campanha de vacinação “malfeita” do país, segundo o editorial. Apesar da advertência sobre “os riscos de eventos super difundidos”, festivais religiosos e comícios políticos foram permitidos.

    Além disso, o governo tentou controlar a discussão crítica online, pedindo ao Twitter para remover tuítes sobre Covid-19, incluindo alguns que criticavam Modi.

    “As ações de Modi na tentativa de abafar as críticas e abrir a discussão durante a crise são imperdoáveis”, disse o editorial.

    O editorial instou a Índia a aumentar o fornecimento da vacina e trabalhar para criar um sistema de distribuição equitativo da vacina. No sábado, 35 milhões de pessoas na Índia já tinham recebido sua segunda dose, o que significa que cerca de 2,7% da população de 1,3 bilhão estão totalmente vacinados, de acordo com um comunicado de imprensa emitido pelo ministério da saúde.

    A publicação também exortou a Índia a publicar dados precisos, expandir os testes genômicos e fazer campanhas públicas sobre a importância de usar máscaras, do distanciamento social, da suspensão de reuniões em massa, da quarentena voluntária e de testes.

    O editorial observou que a força-tarefa do governo no combate à Covid-19 não se reunia há meses.

    “As consequências dessa decisão estão claras diante de nós, e a Índia deve agora reestruturar sua resposta enquanto a crise se intensifica”, disse o editorial. “O sucesso desse esforço dependerá de o governo reconhecer seus erros, fornecer liderança responsável e transparência e implementar uma resposta de saúde pública que tenha a ciência em seu coração.”

    A CNN entrou em contato com o presidente da força-tarefa da Covid-19, V. K. Paul, para comentar. Mas sem retorno.

    Oxigênio

    Com os hospitais lutando contra a falta de oxigênio, o tribunal superior da Índia criou uma força-tarefa nacional com 12 membros para avaliar a disponibilidade e a distribuição de oxigênio medicinal, de acordo com uma ordem judicial divulgada no sábado.

    Hospitais em toda a Índia têm relatado uma escassez desesperada de oxigênio, apesar de dezenas de países prometerem ajuda. 

    A força-tarefa foi criada para dar sugestões e criar estratégias para enfrentar os desafios da pandemia. “A justificativa para a constituição em nível nacional é facilitar uma resposta da saúde pública à pandemia com base no conhecimento científico e especializado”, disse a ordem, acrescentando que esperava especialistas de ponta. “Isso facilitará um encontro de mentes e a formulação de estratégias científicas para lidar com uma crise humanitária sem precedentes.”

    Os membros incluem profissionais de saúde seniores, acadêmicos e funcionários do governo.
    Com base no pedido, os termos de referência são para “avaliar e fazer recomendações para todo o país com base na necessidade, disponibilidade e distribuição de oxigênio medicinal”, bem como determinar a quantidade de oxigênio medicinal a ser alocada nos estados em uma “base científica, racional e equitativa”.

    (Texto traduzido. Para ler o original, clique aqui.)