Terceira dose: Moderna e Pfizer fazem testes de vacinas contra mutações
Estudo da Fase 1 analisará a segurança e a resposta imunológica de uma dose de reforço em até 144 participantes nos EUA
Os fabricantes de vacinas Pfizer e Moderna estão tentando se antecipar a algumas das novas variantes do coronavírus que estão causando preocupação em todo o mundo.
Embora não haja evidências de que as pessoas imunizadas com qualquer uma das vacinas tenham menos proteção contra as variantes, ambas as empresas disseram que começaram a procurar maneiras de contabilizar as mutações em evolução.
A variante B.1.351 é considerada especialmente preocupante e foi vista pela primeira vez na África do Sul. Ela carrega uma mutação que ajuda o vírus a evitar a resposta imunológica do corpo à infecção. A variante B.1.1.7, vista pela primeira vez no Reino Unido, também está causando preocupação, pois suas mutações parecem torná-la mais transmissível, por isso ela se espalha mais e também pode causar quadros mais graves de Covid-19.
Os pesquisadores também estão encontrando variantes nos Estados Unidos que desenvolveram mutações que ajudam o coronavírus a escapar do sistema imunológico.
A Pfizer e sua parceira BioNTech disseram, na quinta-feira (18), que começaram a testar o quão bem a adição de uma terceira dose de sua vacina pode proteger contra novas variantes.
O estudo analisará a segurança e a resposta imunológica de uma dose de reforço em até 144 participantes do estudo de Fase 1, nos EUA, incluindo um subconjunto de adultos mais velhos de até 85 anos. Também envolverá o teste de quão bem seus anticorpos são capazes de neutralizar “cepas de interesse” no laboratório, disseram as empresas.
Os voluntários receberiam uma terceira dose entre 6 a 12 meses após as duas primeiras doses. A dosagem seria idêntica à autorizada atualmente: 30 microgramas.
“Este estudo de reforço é fundamental para compreender a segurança de uma terceira dose e eficácia contra cepas circulantes”, disse o CEO da Pfizer, Albert Bourla, em um comunicado.
Separadamente, a Pfizer e a BioNTech também anunciaram que estão com “discussões em andamento com as autoridades regulatórias” sobre o potencial de testar uma vacina modificada para proteger contra variantes em um estudo de fases 1 e 2.
No entanto, Bourla observou que as empresas ainda não viram evidências convincentes de que as variantes são resistentes à vacina, embora estejam tomando medidas para isso.
A Moderna disse, na quarta-feira, que produziu uma versão atualizada de sua vacina Covid-19 para ajudá-la a combater a variante B.1.351, vista pela primeira vez na África do Sul. As doses iniciais foram enviadas para o National Institutes of Health para um estudo clínico.
A nova vacina, chamada mRNA-1273.351, será avaliada como uma dose de reforço para pessoas que já foram vacinadas contra o coronavírus, e como uma vacina primária para pessoas que não tiveram coronavírus e ainda não foram vacinadas.
A Moderna disse que também vai avaliar uma injeção de reforço “polivalente” que combina a nova formulação da vacina com a vacina atual.
Além disso, a empresa disse que começou a testar se uma terceira dose mais baixa de sua atual vacina pode aumentar a imunidade contra variantes preocupantes do coronavírus, com alguns participantes do estudo já recebendo a terceira dose.
“Estamos agindo rapidamente para testar atualizações nas vacinas direcionadas às variantes emergentes do vírus. A Moderna está empenhada em fazer quantas atualizações em nossa vacina forem necessárias até que a pandemia esteja sob controle. Esperamos demonstrar que as doses de reforço, se necessárias, podem ser aplicadas em doses menores, o que nos permitirá fornecer muito mais doses à comunidade global no final de 2021 e 2022, se necessário “, disse Stephane Bancel, CEO da Moderna, em um comunicado.
A Moderna não informou em quanto tempo espera que os estudos estejam prontos ou quando a nova vacina estará disponível, caso seja autorizada. A vacina atual requer duas doses de 100 microgramas com intervalo de cerca de um mês. As novas doses de reforço estão sendo avaliadas na metade dessa dosagem, ou menos.
Na segunda-feira, a Food and Drug Administration dos EUA anunciou novas diretrizes que agilizariam e acelerariam o processo de atualização de vacinas para as variantes. Um funcionário da agência estimou que isso poderia envolver várias centenas de pessoas e levar alguns meses.
“Será da ordem de algumas centenas de indivíduos em termos de tamanho e esperamos que demore alguns meses”, disse Peter Marks, diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica do FDA durante uma reunião com repórteres, na segunda-feira (22).
As vacinas da Moderna e da Pfizer usam uma nova tecnologia usando RNA mensageiro ou mRNA, que exigem o código genético. O objetivo do projeto é tornar as vacinas fáceis e rápidas de atualizar, sem os meses de preparo que são necessários para atualizar, por exemplo as vacinas contra a influenza.
Texto traduzido. Leia o original em inglês.