Tempo médio até morte por Covid-19 em UTIs de SP caiu 4 dias no último trimestre
Estudo realizado pela Secretaria Estadual de Saúde revelou que o tempo médio até que um paciente venha a óbito em uma UTI caiu de 14,1 dias para 10,7 dias
Um estudo desenvolvido pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo (SES-SP) em parceria com o Centro de Contingência do Coronavírus identificou que o tempo médio para óbito de pacientes com Covid-19 internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do estado caiu quase quatro dias no último trimestre, o equivalente a uma queda de 24,1%.
De acordo com os dados reunidos pela autoridades sanitárias, antes dos três primeiros meses de 2021, um paciente levava cerca de 14,1 dias para morrer de Covid-19, agora o tempo estimado para que uma pessoa venha a óbito depois de dar entrada na UTI caiu para 10,7 dias.
O estudo analisou 41,1 mil óbitos registrados em UTIs do estado desde o início da pandemia, ao todo são 68.623 mortes contabilizadas em São Paulo até o momento.
Em 2020, a média de permanência em UTI dos pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que tiveram alta era de 15,7 no segundo trimestre, depois 13,9 no terceiro trimestre, logo em seguida 12,3 e 9,9 dias no começo de 2021. A sequência mostra tendência de melhora no tempo médio.
No entanto, o tempo entre o início dos sintomas e a internação em UTIs de hospitais públicos subiu 17% entre o segundo trimestre de 2020 e o início de 2021, taxa correspondente a uma elevação de 7,1 dias para 8,3 dias. A demora para que pacientes sejam internados pode ser mais um fator que antecipa as mortes ao chegarem nas UTIs.
Especialistas avaliam que a variante P1 do coronavírus, identificada pela primeira vez em Manaus, tenha desencadeado a queda intensa na estimativa de tempo entre a internação e o momento da morte dos pacientes que não reagiram ao tratamento.
O infectologista Carlos Magno Fortaleza, do Centro de Contingência do Coronavírus, avalia que o tempo médio tenha caído por conta da combinação da variante com a demanda repentina por leitos de UTI nos hospitais de São Paulo. Segundo ele, este fenômeno causa uma demora que acaba sendo crucial para que um paciente seja internado e receba tratamento a tempo de se recuperar.
“Não somente essa variante parece ser mais transmissível, aumentando o número de pessoas infectadas, mas é possível que seja mais agressiva aos pacientes”, afirma.
Em outro levantamento realizado pela SES-SP com base no DataSUSU, há ainda outro fator que diminui o tempo de vida dos pacientes nas UTIS, que é introdução tardia do tratamento com ventiladores mecânicos e oxigênio. De acordo com a pasta, o problema se deve à sobrecarga do sistema de saúde.
A secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, revelou em coletiva de imprensa na segunda-feira (22), no Palácio dos Bandeirantes, que as empresas fornecedoras de cilindros de oxigênio no estado de São Paulo notaram o aumento de 40% da demanda nos últimos meses ao analisarem as necessidades das redes pública e privada.
“Temos um desafio com cilindros. Com o novo cenário da pandemia, passamos a ter leitos de UTI em UPAS e em regiões descentralizadas. Fizemos uma expansão muito grande da nossa rede e com isso trouxemos esse desafio de ter oxigênio em formato de cilindros”, disse a secretária.