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    Só saberemos a proteção da terceira dose com o tempo, diz ex-presidente da Anvisa

    Gonzalo Vecina afirma também que "faltou comunicação" para que mais pessoas fossem completamente imunizadas

    Produzido por Ju Alvesda CNN , Em São Paulo

    Ainda não é possível saber exatamente por quanto tempo a dose de reforço da vacina contra a Covid-19 vai garantir proteção efetiva contra a doença, avaliou o ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina, em entrevista à CNN.

    “É uma doença nova e estamos aprendendo continuamente. Aprendemos que três meses após a vacinação, há uma queda da quantidade de anticorpos no corpo. Então, para que continuemos protegidos, temos que tomar a dose de reforço. Esperamos que ela nos proteja por bastante tempo, mas só saberemos quanto tempo na medida em que o tempo passe. Para essa doença temos que ser humildes, ir aprendendo sempre e corrigindo inadequações para que continuemos protegidos”, explica.

    Para ele, o Brasil falhou em deixar clara a importância da vacinação para a população. “Na experiência em Serrana e Botucatu (no interior de SP), todo mundo veio junto, 97% da população foi vacinada. O que falta para vacinar mais gente é comunicação. O grande problema dessa campanha é que o estado brasileiro não se comunicou com a sociedade, foi a imprensa que falou das doses e foi fundamental”, acrescenta.

    Ele cita como o país foi pioneiro na imunização em outras épocas. “Nas campanhas anteriores de vacinação, chegamos a dar 12 milhões de vacinas em crianças em um sábado, comunicando, chamando os pais. Nessa crise sanitária, o governo acha que não tem dinheiro, que não precisa comunicar. Porque uma pessoa tomaria a primeira dose e não a segunda, sabendo que são duas doses? Falta de comunicação.”

    Alguns fatores diferenciam a disseminação do coronavírus no Brasil e na Europa, compara Vecina. “Lá há uma certa resistência em avançar além dos 70% de vacinados que não vejo no Brasil. E infelizmente tivemos a variante Gama, que foi extremamente mortal. Tínhamos cerca de 200 mil mortes, hoje estamos com 600 mil – 400 mil vieram da variante Gama. A Europa está tendo a variante Delta, eles não tiveram a Gama”.

    O sanitarista dá sua visão de por que a Delta não tem a mesma ação aqui que em outros países. “Ela está no Brasil inteiro, mas não está produzindo o desastre sanitário de lá. Aparentemente quem teve a Gama está protegido contra a Delta. Então temos duas proteções: ter tido a Gama e ter vacinado, essa é a diferença entre nós e a Europa. O único receio é aparecer uma nova variante.”

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