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    Síndrome inflamatória relacionada à Covid-19 coloca vida de crianças em risco

    A Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Crianças infecta as artérias coronárias e no miocárdio

    Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Crianças coloca à prova as afirmações de que os menores não fazem parte do grupo de risco do novo coronavírus
    Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Crianças coloca à prova as afirmações de que os menores não fazem parte do grupo de risco do novo coronavírus Foto: Reprodução / Pixabay

    Os sintomas começam com dores no estômago e vômito, seguidos de febre e, em alguns casos, manchas vermelhas pelo corpo. São causados por uma doença misteriosa que vem sendo observada em centenas de crianças na Europa e nos Estados Unidos. 

    O ponto em comum é que as crianças testaram positivo para o novo coronavírus ou apresentam anticorpos para a doença, o que significa que foram infectadas pela Covid-19 e se recuperaram. A maioria dos casos aparece de duas a seis semanas após a infecção pelo vírus.
     
    Nos EUA, a doença foi batizada de Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Crianças e coloca à prova as afirmações de que os menores não fazem parte do grupo de risco do novo coronavírus. 

    Especialistas acreditam que muitos casos nem chegaram a ser identificados porque em vez de causar infecção no sistema respiratório, problema típico da Covid-19 em adultos, a síndrome infecta as artérias coronárias e no miocárdio, o músculo cardíaco.

    Comparação com a Síndrome de Kawasaki

    A condição vem sendo comparada a uma doença inflamatória infantil rara chamada Síndrome de Kawasaki, mas os médicos descobriram que a nova síndrome tem impactos mais graves.

    “Alguns pacientes ficaram muito doentes e apresentavam o que chamamos de choque, o que significa que eles estavam com pressão arterial muito baixa e precisavam de medicamentos”, diz a pediatra Nadine Choueiter, do Hospital Infantil de Montefiore, em Nova York. 

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    “As crianças precisam ser colocadas imediatamente na unidade de terapia intensiva (UTI) e medicadas para dar suporte à pressão sanguínea, e algumas também precisam de ajuda para respirar com tubo de respiração e ventilação mecânica”, afirma.

    A médica explica ainda que outra diferença é a faixa etária. Enquanto a Síndrome de Kawasaki está presente em bebês e crianças pequenas, de seis meses a seis anos, a síndrome relacionada ao novo coronavírus afeta majoritariamente crianças em idade escolar, de seis e doze anos de idade.

    Atendimento urgente

    Autoridades de saúde dos EUA alertam que crianças com suspeita da Síndrome Inflamatória Multissistêmica precisam de atendimento médico urgente, porque a infecção das artérias atrapalha o fluxo sanguíneo e pode provocar falência do coração. A boa notícia é que se receberem tratamento médico imediato e adequado, a maioria das crianças se recupera e volta para a casa em até uma semana.

    “Qualquer manifestação de febre por mais de três dias, acompanhada de dor abdominal e vômitos ou erupção cutânea, deve ser atendida imediatamente pelo pediatra”, aconselha Nadine. Uma linha importante de investigação é que os médicos detectaram a síndrome no vírus que veio da Europa, o mesmo que foi levado ao Brasil.

    “Pelo menos na costa leste [dos EUA], a teoria é que recebemos o vírus semelhante ao que estava na Europa, e é por isso que estamos vendo resultados semelhantes em crianças”, diz Nadine. “Existe uma teoria de que esse vírus sofreu uma mutação desde que foi descoberto na China, e talvez seja por isso que a parte oriental dos EUA e da Europa esteja vendo essas descobertas em crianças, já que isso não foi descrito na China.”

    Estudos

    O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) emitiu um alerta de saúde sobre uma doença misteriosa para médicos do país. Pelo menos 20 estados e a capital Washington, no Distrito de Columbia, relataram que estão investigando possíveis casos. Ao menos três mortes de crianças relacionadas à síndrome estão sendo investigadas em Nova York, o epicentro mundial da pandemia.
     

    Nas últimas semanas, a revista médica The Lancet publicou dois estudos sobre essa síndrome. No primeiro deles, médicos do Reino Unido disseram ter notado “um grupo sem precedentes de oito crianças com choque hiper inflamatório, mostrando características semelhantes à doença de Kawasaki”. 

    No segundo estudo, médicos na Província de Bergamo, na Itália, descreveram dez casos de crianças pequenas com sintomas semelhantes aos da síndrome de Kawasaki desde que a Covid-19 surgiu na região. Oito das dez crianças testaram positivo para o novo coronavírus ou apresentaram anticorpos para ele.
     
    O Serviço Nacional de Saúde da Grã-Bretanha enviou, no fim de abril, um “alerta urgente” aos médicos indicando que casos desta síndrome misteriosa poderiam estar vinculados ao novo coronavírus.
     
    A síndrome misteriosa ainda é estudada pelos médicos, que estão compartilhando informações e coletando dados. As sequelas da doença e os riscos para o futuro dos pacientes não estão claros até o momento. O que os cientistas observaram até agora são similaridades entre os casos e indícios de que o novo coronavírus pode ter sintomas graves em crianças, que nada têm a ver com os impactos no sistema respiratório registrados em adultos.