‘Se sistema de saúde colapsar, Brasil terá colapso funerário’, alerta Nicolelis
"Colapso funerário leva também a infecções secundárias, contaminação de alimentos, do lençol freático. Você perde o controle do país", alerta
As perspectivas para o Brasil, que bate recordes diários de mortos por Covid-19, não são nada animadoras para sair da pandemia caso medidas firmes não sejam tomadas. A avaliação é do médico e neurocientista Miguel Nicolelis em entrevista à CNN na noite desta quarta-feira (10).
“O Brasil não tem perspectivas concretas de sair dessa crise em 2021. Se o sistema de saúde brasileiro colapsar como um todo, as pessoas não vão ter para onde ir, vão começar a morrer nas suas casas, nas ruas, na porta dos hospitais. E aí o Brasil vai ter um colapso funerário, onde você não dá conta dos óbitos do país, não consegue manejar o volume de vítimas. Começa a ter infecções secundárias, contaminação de alimentos e do lençol freático. Você perde o controle do país”, alerta.
No ritmo da pandemia no país, isso não estaria longe de acontecer. “As UTIs pediátricas brasileiras chegando próximas ao colapso. A média de idade de internados está caindo para 30 a 40 anos e você vê o colapso iminente do sistema de saúde. O Brasil precisa, como outros países, entrar em um lockdown nacional”, defende.
As altas taxas de infecção podem dar ainda mais força ao surgimento de variantes – ou até de algo pior. “Estamos dando a chance ao coronavírus de promover bilhões de mutações que vão levar ao aparecimento de novas variantes e até um novo vírus, de acordo com combinações genéticas, o surgimento do SARS-CoV-3. Se começa a ter muitas mutações, você pode ter um rearranjo genético que pode gerar uma nova forma do vírus, que pode ser ainda mais infecciosa e letal”.
Os mais de 2 mil mortos em 24 horas tornam o Brasil o epicentro da pandemia no momento. “Esse número equivale a um quinto, 20% das mortes por coronavírus em todo o mundo. Os brasileiros estão morrendo dez vezes mais que qualquer outro lugar. Somos o maior laboratório a céu aberto do vírus e nesse momento o maior cemitério do mundo na pandemia”, lamenta Nicolelis.
(Publicado por Bruna Baddini)