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    Saúde aponta curva da Covid-19 ainda em alta e dificuldade de monitoramento

    Brasil aguarda mais de 145 mil resultados de testes para o novo coronavírus e ainda busca determinar real data de início da pandemia

    Da CNN, em São Paulo*

    O secretário substituto de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário, reconheceu nesta terça-feira (12) em entrevista coletiva que as dificuldades de monitoramento da pandemia de Covid-19 no Brasil impedem uma análise adequada da curva de contágio e mortalidade da doença no país.

    Às 12h desta terça-feira (12), uma das centenas de mortes por Covid-19 confirmadas nas 24 horas anteriores ocorreu quase um mês antes, em 17 de abril, o que evidencia a demora no fluxo de registro dos óbitos relacionados ao novo coronavírus no país.

    Outro exemplo da dificuldade de entender o comportamento da Covid-19 no Brasil é que a curva de contágio, observados os últimos dias, indicaria uma queda. No entanto, Macário afirma que a pandemia ainda está avançando no país e que a aparente queda é refletida pelos problemas no registro, que vão da própria capacidade de testagem e confirmação de casos até a falta de profissionais habilitados nas secretarias de saúde para a digitação e abastecimento da plataforma federal. Com isso, os números vão subindo conforme casos ocorridos anteriormente são adicionados à plataforma.

    “Os nossos laboratórios centrais estão conseguindo atualizar muitos exames que estavam represados”, disse o secretário. “Na medida em que o tempo diminua entre a coleta e o resultado, a gente consegue ter um acompanhamento em tempo real da situação epidemiológica.”

    Em um cenário misto, cruzando os registros de ocorrências de sintomas com os de óbitos, é possível prever que mais mortes tendem a ser confirmadas nas próximas semanas, para casos referentes aos últimos dias. “A real situação da mortalidade por Covid-19 ainda segue uma tendência crescente”, afirmou Macário.

    Nesta terça-feira (12), o Brasil registrou o maior número de novas mortes para um único boletim diário. São 881 mortes, elevando o total de vítimas fatais da doença no país para 12.400 pessoas. Houve 9.258 casos confirmados no período, em um total de 177.589 casos confirmados.

    Testes

    O Brasil realizou até o momento 482.743 exames para o novo coronavírus, dos quais mais de 145.000 ainda aguardam a análise por laboratórios oficiais ou a divulgação dos resultados, segundo o secretário Macário. Isso representa 2% dos 24 milhões de exames prometidos pelo governo para enfrentar a pandemia de Covid-19.

    Os chamados laboratórios centrais processaram até o momento 337.595 testes, enquanto 95.144 aguardam a análise e outros 50.004 estão esperando recebimento nos laboratórios.

    Em comparação, até 22 de abril eram 181 mil testes processados e com resultados divulgados.

    “O que a gente pode olhar desses números é que o quantitativo de exames que estão processados, foi feito um esforço muito grande por parte dos laboratórios centrais do Brasil e foi possível atualizar boa parte dos casos e dos óbitos que estavam pendentes”, disse Macário.

    Além dos laboratórios oficiais, o Brasil tinha cerca de 100.000 exames realizados em laboratórios particulares que ainda não estavam incluídos no sistema do Ministério da Saúde, de acordo com dados divulgados na semana passada.

    O secretário não informou nesta terça-feira o tamanho da base de dados de testes da rede privada que precisa ser incluída no sistema oficial, mas disse que o governo trabalha em uma portaria para regulamentar essa inclusão.

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    O Ministério da Saúde anunciou na semana passada um plano para ampliar a testagem no país, passando de 2,7 mil exames moleculares processados diários para um pico de 70 mil no auge, com um aumento escalonado. A meta é realizar 24 milhões de testes moleculares até o fim do ano, além de 22 milhões de testes rápidos, totalizando 46 milhões de exames.

    Os laboratórios certificados da Alemanha, por exemplo, testaram mais de 330 mil amostras apenas na semana passada, e têm capacidade de testar cerca de 838 mil por semana.

    Início da pandemia

    O Brasil ainda corre para tentar precisar quando a pandemia do novo coronavírus efetivamente se iniciou no país. O Ministério da Saúde continua trabalhando com a data de 26 de fevereiro, quando um homem que havia retornado da Itália e foi diagnosticado em São Paulo se tornou o primeiro caso confirmado da Covid-19 no país.

    De acordo com a pasta, há 39 casos no sistema oficial do governo como tendo ocorrido antes deste prazo. São pacientes que fizeram exames laboratoriais e testaram positivo para o novo coronavírus. No entanto, o Ministério segue sem confirmar se estes casos são de fato anteriores e vai investigá-los para possíveis erros de digitação.

    No começo de abril, a pasta chegou a informar a existência de um primeiro caso, que seria de janeiro deste ano. No entanto, houve uma correção por essa razão, com a atualização do registro oficial do caso para o final de março.

    Um estudo liderado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que o novo coronavírus começou a se espalhar pelo Brasil por volta da primeira semana de fevereiro, mais de 20 dias antes do primeiro caso ser diagnosticado pelas autoridades de saúde no final daquele mês

    Com informações da Reuters

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