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    ‘São Paulo pode estar próxima da imunidade de rebanho’, avalia biólogo

    Fernando Reich explica, no entanto, que essa não é uma boa solução no combate ao novo coronavírus

    A expressão “imunidade de rebanho” ganhou destaque de discussões entre os especialistas e governantes depois da pandemia do novo coronavírus. Em entrevista à CNN, na manhã desta segunda-feira (13), Fernando Reich, especialista em biologia molecular explicou como funciona este método e afirmou que a cidade de São Paulo pode estar próxima de atingir a fração necessária para a imunização de rebanho. No entanto, ele alerta que essa não é a melhor solução para combater o novo coronavírus.

    “As pessoas só ficam imunes depois que elas saram. Se você tiver que ter 70% das pessoas infectadas para ter imunidade de rebanho, ela só vai chegar quando esta proporção for alcançada pelo número de pessoas infectadas. Para saber quantas pessoas já estão imunes, o melhor método é você medir a fração de pessoas com o anticorpo na população”, disse.

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    “Em São Paulo, eu participo de um grupo que está medindo isso e concluímos, na última medição que fizemos, em que 11% das pessoas da cidade de São Paulo já tinham anticorpos. Em bairros mais pobres, chegavam a 16%. A grande dúvida que estamos tendo nos últimos tempos é qual a fração de pessoas com anticorpos medida corresponde à imunidade de rebanho? Será que é 70%, 40%? Ninguém sabe isso direito”, explicou.

    Na visão do especialista, a realidade da capital paulista poderá ser analisada nas próximas semanas, uma vez que a cidade já está adotando medidas para a flexibilização da quarentena. 

    “Suponhamos que a imunidade de rebanho seja atingida com 70% de fração como é que se explica a queda [dos números] em São Paulo, com variação entre 11% a 16%? Mas isso a gente já vai saber, muito provavelmente, nas próximas semanas, porque quando você atinge a imunidade de rebanho e você reabre a cidade não tem nova onda [do vírus] em curto prazo. Quando abrirmos novamente a cidade de São Paulo, dependendo do que acontecer, nós saberemos”, acrescentou.

    Reinach explicou ainda as realidades distintas entre a europa e em como as cidades brasileiras lidaram com a evolução do vírus. Em países como Itália, por exemplo, ao optar por medidas restritivas, o país apresentou queda na curva de casos, no entanto, não houve a imunização de rebanho. Sendo assim, a vacina poderá ser o caminho mais viável e rápido para a imunização da população.

    “Nos países desenvolvidos, que fizeram lockdown, muito provavelmente tem muita gente ainda para ser infectada. Provavelmente a vacina chegará nestes locais antes da imunização de rebanho. Já em locais como Manaus, por exemplo, que não houve um controle da doença, existe a possibilidade de você ter a imunidade antes da vacina chegar”, exemplificou o especialista.

    “Entretanto, é importante lembrar que a imunidade de rebanho não é uma boa solução. Ela tem um custo em mortes muito alto porque para você chegar lá você tem que ter uma fração da população infectada e muito se discute qual é a porcentagem necessária para chegar neste dado”, detalhou Reinach.

    “Na Europa, o que aconteceu foi que a queda no número de casos foi impulsionada por causa de um lockdown e um distanciamento social. No entanto, em locais onde tais medidas não ocorreram efetivamente, a queda é observada por meio da imunidade de rebanho”, concluiu.

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