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    Rússia deveria ter divulgado vacina só após estudo, avalia ex-diretor da Anvisa

    Gonzalo Vecina avaliou os resutaldos sobre os testes da Sputnik V, vacina russa contra a Covid-19

    A Sputnik V, vacina russa contra o novo coronavírus, produziu resposta de anticorpos em todos os participantes dos testes em estágio inicial, de acordo com estudo publicado nesta sexta-feira (4) pela revista médica The Lancet.

    Em entrevista à CNN, na manhã desta sexta-feira (4),Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e professor da USP, criticou a demora da publicação científica da vacina russa e afirmou que Vladimir Putin, presidente da Rússia, teria contribuido para este atraso por ‘vontade política’ e propaganda pessoal. Ele também pediu cautela com a nova vacina.

    “Sem sombra de dúvidas, o que faltava para a vacina russa era esta publicação. Ela é o padrão ouro e isso é extremamente necessário. O que  aconteceu é que Putin provavelmente quis fazer algum tipo de propaganda pessoal e fez os cientistas engolirem esta inversão. Tenho certeza de que os cientistas russos não teriam feito esta inversão por vontade dele, isso foi uma vontade política que se jogou em cima da vacina”, afirmou.

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    Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (
    Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e professor da USP
    Foto: Reprodução/CNN

    E acrescentou: “Se os russos tivessem feito a divulgação da vacina após a publicação, isso teria mudado o cenário de como o mundo reagiu. O Instituto Gamaleya [responsável pela produção] é muito conhecido e reconhecido no mundo todo. Como todos estes grandes templos de estudos sobre agentes infecciosos, tem uma forte ligação com a estrutura militar”.

    Gonzalo também analisou a corrida pela vacina em outros países. Nos EUA, O Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, em inglês) está pedindo aos estados que se preparem para distribuir uma vacina contra o novo coronavírus já em outubro. 

    Em sua avaliação, o médico afirma que “Donald Trump é um falador de bobagens” e que muito dificilmente será possível ter a distribuição da dose em outubro — próximo à data em que ocorrem as eleições presidenciais norte-americanas, em novembro.

    Em uma perspectiva mais realista, o médico acredita que muito provavelmente a distribuição da vacina começará em janeiro do próximo ano. “A fase 3 dos testes é a ampliação das fases 1 e 2. Tudo depende do tamanho da amostra, para que você consiga enxergar coisas que acontecem muito pouco”, avalia.

    “Aprovar uma vacina não é aprovar um remédio. Vacina é um negócio que eu uso em pessoas que não estão doentes. Portanto, não pode ter efeito colateral importante quando eu vou tratar alguém que não possui alguma doença”, disse. 

    “Teremos vacina, sim. O quanto? Não sei, mas não o suficiente para vacinar 7 bilhões de pessoas. Mas certamente vamos ter alguns lotes.  A vacina chinesa, se der certo, permitirá a vacinação de 30 milhões de brasileiros, por exemplo. Acredito que mais de uma irá passar da fase 3 dos testes. Mas vale lembrar que todas estas vacinas não são uma bala de prata”, finalizou.