RJ: primeira etapa de vacinação em massa na Ilha de Paquetá começa nesta quinta
Caso o experimento científico seja positivo, secretaria municipal de Saúde poderá vacinar em massa moradores de comunidades na zona norte da capital
Começa nesta quinta-feira (17) a primeira etapa do estudo da imunização contra a Covid-19 em larga escala, na Ilha de Paquetá, na Região Central do Rio de Janeiro. Até sábado (19), a prefeitura e a Fundação Oswaldo Cruz vão coletar sangue de todos os moradores com mais de 18 anos que se voluntariaram e vão participar do estudo. A vacinação em massa está marcada para o domingo (20). A segunda dose será aplicada após oito semanas.
Caso o experimento científico apresente resultados positivos, a Secretaria Municipal de Saúde e a Fiocruz podem iniciar a vacinação em massa nas comunidades de Manguinhos e Maré, na Zona Norte.
A CNN apurou que em Manguinhos, a ideia da SMS é vacinar todos os moradores com doses da AstraZenaca e na Maré, a pasta avalia a utilização de diferentes vacinas, como já tem acontecido em todo o estado. Atualmente, estão disponíveis na cidade, imunizantes da AstraZeneca, CoronaVac e Pfizer.
Nessa segunda-feira (14), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, usou as redes sociais para anunciar que pretende fazer um ‘carnaval fora de época’ na Ilha de Paquetá, em setembro, quando toda a população com mais de 18 anos já tiver sido vacinada. “Se tudo der certo, já temos o nosso primeiro evento teste marcado. Bora vacinar”, disse.
Os moradores criticaram o fato de não terem sido comunicados oficialmente pela prefeitura. Horas depois, o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, participou de uma live com a Associação de Moradores de Paquetá e esclareceu as dúvidas dos mais de 200 moradores presentes.
A ideia é realizar a folia sem o uso de máscara ou distanciamento social para testar a eficácia da imunização dos moradores do bairro.
O diretor da Associação de Moradores de Paquetá, Guto Pires, disse que após o anúncio oficial, a população se sentiu segura e disposta a colaborar com o estudo. “A reunião também discutiu essa questão do pronunciamento infeliz do prefeito, mas não foi isso que predominou. A gente optou por virar essa página. O importante ali era a gente entender o desenho do projeto, suas etapas, seus objetivos e ver a maneira de cada cidadão participar, se voluntariar para a pesquisa, o predomínio foi esse”, afirma.
O presidente do Comitê Científico da Prefeitura, o infectologista Alberto Chebabo, disse à CNN que o evento-teste é um passo importante a ser seguido, mas reforça a necessidade de fiscalização para que não haja pessoas de outros lugares na Ilha.
“Acho interessante porque na realidade isso já acontece em outros lugares. Tivemos publicação do evento-teste de Barcelona. É parecido com o nosso, mas com uma população muito maior de pessoas. Mas é importante impedir que pessoas de fora cheguem. A gente vai precisar ter essas respostas sobre a vacinação”, concluiu.
Após a vacinação em massa haverá uma segunda testagem nos habitantes da Ilha, para os pesquisadores realizarem análises e comparações de taxas da doença. Nenhuma etapa será obrigatória.
Os voluntários irão receber um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e, em qualquer momento da pesquisa, podem deixar de participar. Além disso, nenhum nome será exposto ou divulgado pela prefeitura.
O experimento tem o intuito de mostrar em quanto tempo a população não terá que seguir medidas restritivas, como o isolamento social. O secretário Daniel Soranz ressalta a necessidade de todos se protegerem, sem que haja exposição desnecessária ao vírus antes da imunização total.
A vacinação das pessoas abaixo dos 18 anos não está descartada pela prefeitura, mas segue indefinida. Se o Plano Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, incluir os menores a partir dos 12 anos, a expectativa é que o estudo também inclua.
A Ilha de Paquetá está localizada em meio à Baía de Guanabara, a cerca de 15 quilômetros da estação das barcas na Praça XV, no centro da cidade. Segundo dados do Instituto Pereira Passos (IPP), coletados em 2010, a Ilha de Paquetá tem cerca de 3.361 moradores, 1.253 residências e 170,57 hectares. O acesso à ilha é feito somente por barcas.