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    RJ: Funcionários de funerária são investigados sobre ‘fura-filas’ da vacinação

    De acordo com o PNI, somente profissionais que lidam diretamente com cadáveres contaminados têm direito ao imunizante

    Thayana Araujo e Lucas Janone, da CNN Rio de Janeiro

     

    A Polícia Civil do Rio de Janeiro apura o uso indevido de um ofício médico por parte de funcionários do administrativo de uma funerária para garantir a imunização contra a Covid-19 na capital fluminense. Os responsáveis pelo departamento de Recursos Humanos, Comercial, diretor executivo e o advogado da empresa são suspeitos de ‘furar’ a fila da vacinação e terão que prestar depoimento na próxima semana, na Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DCC-LD). 

    De acordo com o Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde (PNI), somente os profissionais que lidam diretamente com o cadáver contaminado pelo coronavírus têm o direito, neste primeiro momento, de serem imunizados. A empresa funerária investigada solicitou, ao todo, a vacinação de 79 funcionários à Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), incluindo os diretores. 

    Segundo o delegado de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DCC-LD), Thales Braga, um número elevado de funcionários da funerária se vacinou em um mesmo posto de saúde no bairro de Vila Isabel, na Zona Norte da capital. O fato causou estranheza aos profissionais da unidade. O chefe de enfermagem do Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrella também prestará depoimento na próxima semana.   

    À CNN, a Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif) afirmou não pactuar com a ação da funerária em questão e qualquer outra que se utilize de ofício genérico para fins de má-fé e reiterou ser totalmente contrária a qualquer tipo de ‘fura-fila’ no plano de imunização contra a Covid-19 no país. 

    O presidente da Abredif, Lourival Panhozzi salientou ainda que “os únicos agentes funerários equiparados aos profissionais de saúde são os que trabalham em contato direto com os cadáveres contaminados”. De acordo com ele, “esse grupo fica totalmente exposto e deve sim ter a preferência na fila da vacina.”

    A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS) abriu uma sindicância para apurar internamente os fatos denunciados por profissionais do Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrella e informou que recebeu colaboradores da funerária denunciada para entender o ofício genérico apresentado como justificativa para preferência na fila da vacinação. 

    Em nota, a pasta divulgou que, após desconfiar de uma possível irregularidade cometida pela concessionária do segmento funerário, interrompeu a vacinação dos funcionários da empresa. “Tão logo foi constatado que a empresa não estava cumprindo a orientação dos grupos prioritários, a equipe da unidade interrompeu a vacinação desses funcionários”, aponta o comunicado emitido.

    A Polícia Civil informou à CNN que, apesar das graves denúncias, a funerária investigada tem colaborado com as investigações bem como a prefeitura do Rio, por meio da secretaria de Saúde.     

    Nota da SMS na íntegra

    “A unidade que recebeu os funcionários da funerária em questão, para a vacinação — todos eles portanto com declaração assinada pela gerente de recursos humanos da empresa — abriu uma sindicância para apurar internamente os fatos. A direção da unidade também está à disposição para colaborar com a investigação da Polícia Civil sobre o caso.

    É importante acrescentar que a Secretaria Municipal de Saúde informou, desde a primeira comunicação com a empresa, que apenas as pessoas que têm contato direto com corpos poderiam ser vacinadas. 

    A empresa forneceu uma declaração aos funcionários para apresentação no momento da vacinação. Por se tratar de uma declaração genérica, os profissionais de saúde também solicitaram outras informações no momento do preenchimento da ficha. Quando foi notado que profissionais administrativos estavam buscando a unidade, foi realizado novo contato com a empresa para alinhamento e esclarecimento sobre os grupos prioritários da campanha. 

    Tão logo foi constatado que a empresa não estava cumprindo a orientação dos grupos prioritários, a equipe da unidade interrompeu a vacinação desses funcionários.”

    Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrella
    Foto: Secretaria Municipal de Saúde/Divulgação

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