RJ atinge maior taxa de mortalidade por Covid-19 desde o começo da pandemia
Índice é comparável aos piores momentos vividos na Itália; estado registra, há seis semanas, alta no número de internações em leitos de UTI dedicados à Covid
Dados do portal Monitora-Covid, mantido pela Fundação Oswaldo Cruz, revelam que o Rio de Janeiro atingiu nesta quinta-feira (3) a maior taxa de mortalidade por Covid-19 no Brasil desde o começo da pandemia. O índice está em 131,08 óbitos a cada 100 mil habitantes.
Até o momento, 22.394 fluminenses perderam a vida em virtude da doença desde o mês de março. Os dados são atualizados diariamente e refletem o acumulado de mortes nos últimos nove meses. A taxa recorde usa como referência as mortes ocorridas até 2 de dezembro.
O Rio de Janeiro registra, há seis semanas consecutivas, alta na ocupação de leitos de UTI na rede SUS para pacientes com o novo coronavírus, de acordo com números da própria Secretaria Estadual de Saúde. O governador em exercício, Cláudio Castro, e o prefeito, Marcelo Crivella, se reuniram nesta quinta-feira para discutir o avanço da Covid-19 no estado.
Leia e assista também:
Doria diz que vacinação em SP com a Coronavac começa em janeiro
Número de pacientes à espera de um leito no Rio aumenta 40% em uma semana
A taxa de mortalidade do Rio de Janeiro a cada 100 mil habitantes é 43% maior que a de São Paulo, estado que registrou maior número de óbitos e de casos -em SP, a taxa é de 91 óbitos a cada 100 mil. Os dois estados estão acima da média nacional, de 80 mortes por 100 mil brasileiros.
“A taxa do Rio é comparável aos piores momentos vividos da pandemia vividos na Itália, por exemplo. E o pior: vem crescendo. Outros estados que viveram situações dramáticas, como Ceará e Amazonas, conseguiram reduzir as taxas, mas o Rio só viu essa mortalidade aumentar”, afirmou pesquisador e vice-diretor do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde, da Fiocruz, Christovam Barcellos.
Depois do RJ, aparecem no ranking da mortalidade o Distrito Federal, com 129,56 óbitos a cada 100 mil. Na sequência, estão Amazonas, Roraima, Mato Grosso e Espírito Santo – estados com mais de 100 mortes por 100 mil habitantes.
Há ainda um outro alerta, para o caso do Rio de Janeiro: a alta taxa de letalidade, que é a chance de alguém morrer quando contrai coronavírus. No Rio, esse risco é altíssimo e também o maior do Brasil: 10%. A média nacional é de 2%. “Este indicador é escandaloso. O mundo inteiro está conseguindo reduzir esse risco, para perto de 1%. E o sistema de saúde não está dando conta desta demanda no estado do Rio”, declarou Christovam Barcellos.