Riso de bebês humanos é semelhante ao de chimpanzés, aponta estudo
Enquanto adultos humanos riem principalmente ao expirar, os bebês e os grandes símios riem durante a inspiração e a expiração
O riso transcende todas as línguas – e agora os cientistas sabem que essa resposta espontânea é universal também em algumas espécies de primatas. O padrão de riso dos bebês humanos é igual ao dos grandes macacos, de acordo com um estudo publicado nesta terça-feira (31) na revista Biology Letters.
Os adultos humanos riem principalmente ao expirar, enquanto os bebês e os grandes símios riem durante a inspiração e a expiração, disse a autora do estudo Mariska Kret, professora associada de psicologia cognitiva da Universidade de Leiden, na Holanda.
Primeiro, os adultos inspiram, depois produzem sons “ha-ha-ha” em rajadas curtas, começando alto e depois desaparecendo, diz Kret. “O tipo de riso do macaco é mais difícil de descrever, mas há uma alternância de huh-ha-huh-ha”, acrescenta.
O riso infantil não é necessariamente semelhante ao de todas as espécies de grandes macacos, apenas àqueles que são evolutivamente mais próximos dos humanos – como chimpanzés e bonobos, disse Marina Davila-Ross, uma leitora de psicologia comparada da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, que não participou do estudo. “Essa descoberta parece refletir que o riso é, em certa medida, profundamente enraizado biologicamente”, diz ela.
Kret descobriu esse fenômeno originalmente enquanto assistia a uma palestra do renomado primatologista Jan van Hooff com um amigo. Quando van Hooff disse que os macacos riem durante a inspiração e a expiração, o amigo de Kret mostrou um vídeo de seu bebê rindo da mesma maneira.
Para testar se os bebês riem como macacos, a equipe de Kret coletou clipes de áudio de humanos com idades entre 3 e 18 meses rindo e pediu aos ouvintes que avaliassem qual porcentagem da risada era produzida pela inspiração versus expiração. Como controle, os pesquisadores também incluíram cinco clipes de adultos rindo.
Depois de duas rodadas, incluindo pelo menos 100 ouvintes cada, os resultados chegaram. As pessoas perceberam que os bebês riam tanto ao inspirar quanto ao expirar, enquanto os adultos riam principalmente ao expirar. Para garantir que os resultados fossem precisos, Kret pediu que especialistas analisassem as risadas e alinhassem suas descobertas com as dos demais ouvintes.
Riso contagioso
Os pesquisadores também avaliaram quais sons eram os mais agradáveis e contagiosos. Os resultados mostraram que quanto mais o riso era produzido pela expiração, mais as pessoas o percebiam como positivo.
Os pesquisadores confirmaram essa descoberta quando conduziram outro experimento e pediram a um novo grupo de ouvintes para avaliar o quão positivamente eles perceberam o riso sem serem informados dos padrões de respiração. O novo grupo também achou a gargalhada mais agradável.
O riso produzido pela expiração tende a ser mais alto e mais controlado, observou Kret, o que, segundo ela, torna mais fácil para os bebês comunicarem que estão se divertindo e querem continuar brincando.
Bebês mais velhos
Os bebês mais velhos avaliados no estudo também produziram mais risadas por meio da expiração do que os mais jovens. Isso pode ocorrer porque, conforme os bebês crescem, eles aprendem “a função comunicativa disso, e os pais veem que o bebê está ativamente tentando deixar algo claro”, disse Kret.
Davila-Ross disse que ficou surpresa ao ver que o fluxo de ar associado ao riso muda à medida que os bebês crescem. “Na verdade, seria muito interessante ver se essas mudanças também podem ser encontradas em outras vocalizações não-verbais de humanos”, acrescentou ela.
Em pesquisas futuras, Kret disse que espera repetir sua experiência com outras vocalizações, como o choro. Atualmente, ela está realizando outros experimentos com o riso, incluindo um envolvendo orangotangos, gorilas e humanos, para ver se eles mudam o som de suas risadas de acordo com a risada daqueles ao seu redor.
(Texto traduzido. Leia o original em inglês)