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    Rio aumenta exigência de cobertura vacinal e pode atrasar flexibilização

    Primeira etapa teria início com 44% da população imunizada, mas município subiu o patamar para 50%

    Marcela Monteiro e Stéfano Salles, da CNN, no Rio de Janeiro

    O Rio de Janeiro decidiu rever os critérios para início da abertura gradual, que prevê três fases de flexibilização. O anúncio foi feito nesta terça-feira (10), dez dias após o anúncio do programa, criticado por especialistas por ocorrer no momento de disseminação da variante Delta e por não ter passado pelo Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19, formado por especialistas e representantes de autoridades de saúde das três esferas.

    A revisão foi anunciada pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, depois de o comitê ter se reunido na segunda-feira (9), no Centro de Operações e Resiliência (COR-Rio). Antes disto, representantes do órgão chegaram a dar declarações públicas nas quais criticavam os critérios adotados pelo município.

    “Na reunião do comitê, fizemos alguns ajustes. Iríamos começar a primeira fase da reabertura com 44% da população totalmente imunizada. Agora, a gente começa com 50%. Reforçamos as premissas que, para começar a abertura, são necessárias redução franca no número de casos, de óbitos, na taxa de internação e, principalmente, alta cobertura vacinal de idosos e pessoas com comorbidades”, afirma o secretário.

    A decisão pode atrasar o cronograma divulgado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), que previa o início da reabertura no dia 2 de setembro, com apresentações artísticas em diferentes pontos da cidade. Se a vacinação não for acelerada, é provável que a data seja revista. O município, no entanto, tem se queixado da distribuição de doses por parte do Ministério da Saúde. No fim de semana, o ministro Marcelo Queiroga anunciou aumento de 5% de doses para o estado, para auxiliar no combate à variante Delta.

    O aumento do número de internações, atribuído à disseminação da variante Delta, uma das quatro consideradas de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e mais transmissível que as demais, tem preocupado as autoridades. No entanto, Soranz entende que, apesar do crescimento, a taxa ainda está dentro de um patamar que considera adequado.

    “A gente já chegou a ter 1,4 mil pessoas internadas com Covid-19 na cidade. Hoje, a gente tem 690. Mas a gente tem um número de casos de Covid aumentando. O número de casos leves de Covid vem aumentando em uma velocidade bastante expressiva nessa semana por conta da variante Delta e também por conta do período sazonal de inverno, que a gente já espera um aumento do número de casos. Isso liga o alerta também”, conclui Soranz.

    Na última sexta-feira (6), pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Júlio Croda apontou problemas no plano de flexibilização. O especialista disse que as referências para a elaboração do programa eram de países desenvolvidos, o que não é o caso do Brasil, e que tinham utilizado outro perfil de vacinas. Eles aplicaram, predominantemente, AstraZeneca e Pfizer. Enquanto isto, no país, os imunizantes mais utilizados são Coronavac e AstraZeneca.