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    Repelentes caseiros funcionam contra o mosquito da dengue? Médicas respondem

    Misturas feitas com óleo de citronela são usadas popularmente para prevenir a picada; veja se tem eficácia

    Gabriela Maraccinida CNN

    Diante de um cenário de aumento dos casos de dengue em diversas regiões do Brasil, é importante conhecer as formas de prevenir a doença. Além dos cuidados para reduzir a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus, o uso de repelentes industriais é eficaz para prevenir a picada. Mas será que alternativas caseiras também funcionam?

    Entre as opções mais populares de repelente caseiro para mosquitos estão óleos de plantas como citronela, lavanda ou melaleuca. Também é bastante disseminada a ideia de que o vinagre de maçã, o limão com cravo e a ingestão de vitaminas do complexo B podem ajudar a evitar a picada do Aedes aegypti. No entanto, especialistas alertam que é importante evitar o uso desses repelentes caseiros, pois não possuem eficácia comprovada.

     

    “Os repelentes caseiros são baseados em espécies de plantas que exalam algum tipo de odor e que funcionam como repelentes naturais para os mosquitos e pernilongos”, explica Silvana Barros, infectologista e chefe do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção da Rede Mater Dei de Saúde.

    “Entretanto, mesmo que algumas dessas substâncias sejam utilizadas na composição de repelentes industriais, comprovadamente efetivos, não existe nenhuma garantia de que eles sejam eficazes quando utilizados em uma produção caseira”, alerta.

    A especialista explica que, por serem feitos em casa, esses repelentes não são testados previamente e, por isso, não é possível afirmar que eles funcionam para evitar a picada do mosquito.”Não há nenhum tipo de comprovação, podendo haver alteração da efetividade de acordo com a forma que é manipulado”, completa Silvana.

    Segundo Mirian Dal Ben, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, existem estudos que mostram que o óleo de citronela tem poder repelente por até duas horas após a aplicação na pele. No entanto, essa eficácia é variável justamente por não haver controle de como esse óleo é manipulado em casa. “Quando falamos em repelentes caseiros, nunca temos o controle exato da forma e da concentração em que ele é feito. Além disso, o efeito protetor que a citronela tem é bem limitado”, explica a especialista.

    Tomar vitaminas do complexo B funciona para prevenir a dengue?

    Esse é outro mito em relação a prevenção da dengue, pois não há evidências científicas de que as vitaminas do complexo B tenham alguma efetividade em prevenir a picada do mosquito da dengue.

    “Antigamente, nos anos 60 e 70, surgiu essa hipótese de que tomar vitamina B diariamente seria eficaz para repelir a picada do mosquito. Posteriormente, isso caiu por terra por conta de dois trabalhos científicos que mostraram que a vitamina B não tinha esse efeito”, afirma Mirian.

    Como realmente se proteger do mosquito da dengue?

    Para se proteger de forma efetiva contra o mosquito da dengue é preciso seguir as principais formas de prevenção: afastar o foco do Aedes aegypti, evitando água parada em pneus, calhas e vasos de planta e mantendo piscinas devidamente tratadas e caixa d’água limpas e fechadas. Também é interessante utilizar tela mosquiteira nas janelas e camas.

    O uso de repelentes industriais é eficaz contra o mosquito da dengue e o componente mais recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é a Icaridina. “A vantagem desse produto é um tempo de ação mais prolongado que os demais tipos de repelente, agindo em torno de 5 a 12 horas, além de poder ser usado em gestantes e em crianças”, esclarece Silvana.

    “Acredito que, na atual situação de epidemia de dengue, é preciso usar o que realmente tem comprovação de eficácia, que são os repelentes industriais”, reforça Mirian.

    A vacinação contra a dengue também é importante para a prevenção. Hoje, no Brasil, existem duas vacinas já aprovadas para a doença: a Dengvaxia, da Sanofi, e a QDenga, da Takeda – esta última está sendo disponibilizada gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra a maior parte das hospitalizações por dengue.

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