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    Redução de intervalo entre doses das vacinas é descartada pela Saúde

    A pasta diz que caso foi amplamente discutido e os intervalos das doses da Astrazeneca e Pfizer serão mantidos em três meses

    Isabelle Resende, CNN, no Rio de Janeiro

    O Ministério da Saúde, descartou, por enquanto, a possibilidade de reduzir o intervalo da aplicação da segunda dose das vacinas contra a Covid-19 da Astrazeneca e da Pfizer para tentar conter a disseminação da variante Delta, no país. A pasta informou à CNN que o tema foi amplamente discutido pela Câmara Técnica Assessora em Imunizações, durante reunião realizada no dia 2 de julho. Mas o parecer dado pelos técnicos foi o de manter o intervalo de três meses entre a primeira e a segunda dose dos imunizantes.  

    Recentemente, os governos do Rio de Janeiro e de São Paulo manifestaram interesse em reduzir o intervalor entre as doses, depois que foram confirmados casos da Covid-19 provocados pela variante originária da Índia. A medida, segundo as secretarias de saúde, seria para evitar um surto da nova variante, que tem potencial de transmissibilidade elevado.  

    O infectologista da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, concorda com o posicionamento do Ministério da Saúde. O especialista explica que o intervalo maior entre as doses tem como objetivo vacinar o maior número de pessoas, o que do ponto de vista epidemiológico é mais interessante do que completar o esquema vacinal. “Sou contra a decisão de mudar o intervalo. Alterando isso você diminui o número de pessoas imunizadas com a primeira dose. O que retardaria ainda mais a vacinação, já que não temos doses de imunizantes suficientes. Além disso, a variante que predomina no país é a P1, e, por isso, não justifica a redução do intervalo” ressalta o infectologista.  

    No Rio de Janeiro, foram confirmados essa semana dois novos casos da variante Delta, nas cidades de Seropédica e São João de Meriti, Região Metropolitana do estado. Os dois pacientes, uma mulher de 22 anos e um homem de 30, não têm histórico de viagens ao exterior e não tiveram contato com viajantes. 

    Portanto, são casos chamados autóctones, ou seja, de transmissão comunitária. Em Seropédica, outras duas pessoas estão sendo monitoradas. Elas tiveram contato com a mulher de 22 anos e testaram positivo para a Covid-19. As duas amostras foram enviadas para laboratório onde será feito o sequenciamento genético.  Um terceiro caso da nova cepa, este importado, foi registrado no mês passado, em um homem de 30 anos, morador do Norte Fluminense, que esteve à trabalho na Índia.  

    Na última segunda-feira (05), o estado de São Paulo registrou o primeiro caso da variante originária da Índia, em um homem de 45 anos, morador da capital paulista.  No Brasil, o Ministério da Saúde informou que, até o fim de junho, foram registrados 14 casos da variante Delta. Seis deles no Maranhão; três no Rio de Janeiro; um em Goiás; um em Minas Gerais; dois no Paraná e um em São Paulo. 

    Duas pessoas morreram em decorrência da infecção causada pela nova cepa: um tripulante de um navio atracado no Maranhão, no dia 24 de junho, e uma gestante de 42 anos, no dia 18 de abril, no Paraná. A preocupação com a rápida disseminação da variante Delta vem forçando um número crescente de países a impor novamente medidas restritivas mais rigorosas na tentativa de impedir que uma nova onda da covid-19 atrapalhe os esforços globais para conter a pandemia e a retomada da normalidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cepa circula por 92 países.