Queiroga cria comissão para analisar recursos da Conitec sobre Kit-Covid
Ministro designa três servidores para analisar recursos da Conitec contra a decisão do então secretário de Ciência e Tecnologia Hélio Angotti que rejeitou a diretriz contra o Kit-Covid
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criou uma comissão que na prática decidirá a implementação ou não da diretriz Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (Conitec) que contraindica o tratamento com kit-covid no Sistema Único de Saúde.
O despacho interno do Ministério da Saúde a que a CNN teve acesso foi proferido pelo ministro no dia 23 de fevereiro.
Nele, Queiroga designa três servidores para analisar recursos da Conitec contra a decisão do então secretário de Ciência e Tecnologia Hélio Angotti que rejeitou a diretriz contra o Kit-Covid.
A criação da comissão é vista por fontes do Ministério da Saúde como uma forma do ministro rever a decisão de Angotti a favor do kit covid. Os próprios servidores indicados para a comissão seriam um indicativo disso, pois são de confiança do ministro. Dois deles trabalhavam na Superintendência do ministério no Rio de Janeiro e foram levadas a Brasília por Queiroga, sendo que um era subordinado direto a Angotti.
Segundo fontes do Ministério da Saúde, a decisão de Angotti contrariou o ministro e tensionou o primeiro e segundo escalões do ministério. Tanto que após rejeitar o recurso da Conitec, Queiroga o deslocou para outra função na pasta: foi para a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
A comissão terá que decidir qual parecer o ministério irá referendar: o de Angotti ou o da Conitec, elaborado por Carlos Carvalho, professor de medicina da USP e coordenador do Grupo Elaborador das Diretrizes Brasileiras Para o Tratamento da Covid-19.
O assunto já chegou à mesa presidencial e pode colocar em rota de colisão Queiroga e o presidente Jair Bolsonaro, defensor do kit-covid. Bolsonaro já teria, segundo fontes, inclusive cobrado de Queiroga por uma posição alinhada com a dele. Nos bastidores, o ministro tem defendido algo como um meio termo entre a posição da Conitec e a do ex-secretário da área. Procurado, Queiroga não quis se manifestar.