SP deve endurecer quarentena na capital e na Baixada Santista
Por outro lado, o governador João Doria (PSDB) deve flexibilizar o isolamento no interior. Medidas devem ser anunciadas na próxima quarta-feira (27)
A quarentena para evitar o contágio pelo coronavírus deve ficar mais restrita região metropolitana de São Paulo e na Baixada Santista e mais flexível em algumas regiões do interior a partir do dia 1 de junho. O anúncio está previsto para quarta-feira e será feito em conjunto pelo governador João Doria e pelo prefeito Bruno Covas.
O aumento das restrições na região metropolitana não será equivalente a um lockdown no qual só funcionam farmácias, supermercados e postos de combustível. Mas a tendência é reduzir o número de setores considerados essenciais para reduzir a circulação de pessoas.
Leia também:
‘Não é momento de flexibilização em SP’, diz integrante de comitê sobre Covid-19
Reabertura da economia não está para ser anunciada na Grande SP, diz Meirelles
A CNN apurou que a proposta do governo do Estado é limitar principalmente o funcionamento da construção civil e das indústrias, reduzindo, por exemplo, os turnos das fábricas e criando um sistema especial de escala.
Prefeitura resiste
A equipe do prefeito Bruno Covas, porém, está reticente, pois a capital tem índices de isolamento melhores do que de outras cidades da região metropolitana. Eles também avaliam que conseguindo cerca de 500 respiradores — 300 deles com o governo estadual — vão conseguir aumentar a disponibilidade de leitos de UTI, facilitando o combate à doença.
Hoje os setores essenciais autorizados a funcionar no Estado de São Paulo somam mais de 80% e representam 74% dos estabelecimentos comerciais. Além de construção civil e indústria, são considerados setores essenciais atividades como call center, lavanderia, imprensa, restaurantes por delivery, serviços de entrega, manutenção, segurança e saúde.
Um grupo coordenado pela secretária municipal do Trabalho, Aline Cardoso, já tem inclusive um plano de reabertura desenhado. Mas a área da saúde avalia que só será possível começar a discutir esse assunto em junho se a situação estiver melhor.
Interior
Enquanto as restrições aumentam na capital paulista e nas cidades mais próximas, especialmente na região metropolitana, a tendência é de flexibilização nas regiões mais afastadas do Estado e com melhores indicadores de disponibilidade de leitos, ocupação de UTIs, e número de novos casos. Mais de 100 dos 645 municípios do estado ainda não registraram nenhum caso de coronavírus.
Nessas cidades que têm a situação controlada, deve ocorrer um relaxamento da quarentena com a abertura de alguns setores.
A expectativa do governo de São Paulo é que as taxas de transmissão do vírus não sejam altas se houver uma abertura controlada, na qual a população utilize máscaras, álcool gel e mantenha o distanciamento. Mas os indicadores de contágio serão observados de perto e a abertura da economia pode retroceder se for necessário.
Em algumas cidades, como Ribeirão Preto e Campinas, no entanto, a taxa de transmissão tem subido e isso pode impedir qualquer movimento de reabertura.
Tanto o governo do estado quando a prefeitura da capital descartam o lockdown neste momento. A avaliação é de que seria muito prejudicial à economia, que faltaria força policial pra fazer isso da melhor maneira e mais: que não haveria adesão da população, já que mesmo com os feriados antecipados, a taxa de isolamento não subiu nem perto dos 60%, que era a meta inicial.
Operações policiais
Nesta semana a prefeitura vai fazer junto com o governo os primeiros testes para coibir o comércio que funciona à revelia das regras de restrição. O foco será a região central de São Paulo e a operação contará com a Polícia Militar, a Guarda Civil Metropolitana e agentes da subprefeitura regional. A intenção é “ocupar a área” pra evitar a circulação de vendedores ambulantes e a abertura do comércio noturno. Se o teste der certo, o modelo pode ser expandido para outras áreas da cidade.