Prevenção de pandemia é 20 vezes mais barata que combate, diz estudo
Pesquisa revela que adotar medidas preventivas custam cerca de US$ 20 bilhões, em comparação a US$ 350 bilhões com as vidas perdidas
Um estudo publicado na Science Advances revela que adotar medidas de prevenção custam cerca de US$ 20 bilhões, em comparação a US$ 350 bilhões com as vidas perdidas em pandemias.
Em entrevista à CNN na tarde deste domingo (6), Márcia Castro, pesquisadora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard (EUA), que coordenou o estudo, explicou que algumas medidas adotadas como forma de proteção podem evitar futuras pandemias –isso custaria menos do que lidar com o cenário de infecções e o que os cientistas levaram em consideração para calcular os resultados
“O que nós fizemos foi quantificar o quanto três medidas custariam [aos cofres públicos] e comparar isso ao custo da pandemia. E usamos todos os eventos que aconteceram desde a Gripe Espanhola em 1918.”
A pesquisa focou na prevenção das zoonoses, doenças que saem dos animais e acham as condições ideais nos humanos e podem gerar epidemias e pandemias, como explica a pesquisadora.
Isso porque, segundo ela, 75% das últimas pandemias foram ocasionadas por transmissão de doenças de animais para humanos.
Em um primeiro momento, a equipe elencou que a criação de uma rede global de vigilância de patógenos, com auxílio de médicos veterinários, é importante para monitorar o que está circulando entre os animais e que podem fazer a transposição pelos humanos.
A segunda medida é uma melhor gestão do comércio de animais selvagens. “Isso é um problema. A gente viu com o surgimento do SARS-CoV-2, naquele mercado de animais vivos da Ásia”, disse .
Ela comenta que a terceira medida “está diretamente ligada ao nosso cenário no Brasil. É uma redução do desmatamento”, aponta.
De acordo com a pesquisadora, há um paradoxo na prevenção das pandemias. “A articulação não é fácil. O número de vidas que foram salvas não causa o mesmo sentimento intenso quando a gente dá um número de vidas perdidas”, explica.
Ela aponta que as agências de financiamento têm papel fundamental na prevenção primária. “As agências internacionais precisam começar a debater essa questão da prevenção e que haja suporte para uma rede que realmente seja internacional”, disse.
(Assista à entrevista completa no vídeo acima)