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    Por que não se deve esperar para tomar doses de reforço contra a Covid-19

    Mais de 77 milhões de brasileiros ainda não receberam a primeira dose de reforço contra a doença, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI)

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    Mais de 77 milhões de brasileiros não receberam a primeira dose de reforço das vacinas contra a Covid-19, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) divulgados nesta quinta-feira (24). Já 24 milhões de pessoas poderiam ter recebido a segunda dose de reforço contra a doença, mas ainda não se vacinaram.

    O esquema de vacinação primário contra a Covid-19 contempla duas doses para a maior parte das vacinas disponíveis, incluindo as da Pfizer, AstraZeneca e Coronavac, aplicadas no Brasil. Com o avanço no conhecimento científico sobre a imunidade gerada pelas vacinas, foi observado que a proteção tende a diminuir com o passar do tempo, entre seis e oito meses após a aplicação das duas doses iniciais.

    Para resgatar a prevenção contra o agravamento e a morte pela infecção causada pelo coronavírus, a comunidade científica chegou ao consenso sobre a importância da aplicação de doses de reforço. Estudos mostram que essa estratégia amplia a resposta imunológica e aumenta em mais de cinco vezes a proteção contra casos graves e óbitos pelo coronavírus.

    Novas vacinas

    Ao longo da pandemia, o vírus SARS-CoV-2, causador da doença, deu origem a diversas variantes, como a Ômicron, que também conta com subvariantes. O acúmulo de uma série de mutações pode favorecer aspectos como a transmissibilidade e a capacidade de infecção do vírus.

    Diante das mudanças no vírus e da possibilidade de escape das novas linhagens à resposta imunológica gerada pelas vacinas desenvolvidas e em uso no mundo, as empresas farmacêuticas partiram para o desenvolvimento de imunizantes atualizados e adaptados às cepas de maior relevância epidemiológica, como as subvariantes BA.1, BA.4 e BA.5, da Ômicron.

    O reforço com a vacina bivalente da Pfizer contra a Covid-19, que também contempla as sublinhagens BA.4 e BA.5 da Ômicron, por exemplo, apresenta resposta imune significativamente superior em comparação com a vacinação com o imunizante original da farmacêutica, segundo as informações divulgadas pela Pfizer no início do mês.

    A vacina, chamada bivalente, recebeu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial na terça-feira (22), junto a outro imunizante que contempla a subvariante BA.1.

    Por que não esperar

    A CNN consultou o Ministério da Saúde sobre prazos para a chegada das vacinas bivalentes ao país e disponibilização nos postos de saúde. Em nota, o ministério afirmou que “vai solicitar ao laboratório o cronograma de envio dos lotes com os novos imunizantes, tendo em vista que o atual contrato da pasta com os fornecedores contempla a entrega de vacinas com cepas atualizadas”.

    O Ministério da Saúde enfatiza que as vacinas disponíveis nos postos de vacinação continuam efetivas contra as formas graves da doença. Além disso, afirma que o esquema vacinal completo, incluindo as doses de reforço, é essencial para que se possa dar continuidade nas ações de vacinação em 2023.

    “O Brasil ainda não tem as vacinas novas, bivalentes, mas as vacinas que temos são eficazes contra mortes, formas graves e internações pela Covid. Então, não devemos esperar a chegada de novas vacinas, devemos cumprir o calendário recomendado pelo Programa Nacional de Imunizações e sermos submetidos aos reforços de acordo com os grupos prioritários”, orienta a médica cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar, que integra o time da transição do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na área da saúde.

    Nas últimas semanas, o Brasil enfrenta um aumento no número de casos da doença. O boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na quarta-feira (23), mostra um aumento das infecções pelo coronavírus entre os casos positivos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em estados de todas as regiões do país.

    Diante do cenário epidemiológico, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou nota em que recomenda a busca pelas doses de reforço contra a doença. “Incrementar as taxas de vacinação da Covid-19 principalmente no que tange às diferentes doses de reforço de primeira geração a depender da população elegível, que se encontram todas em níveis ainda insatisfatórios nos públicos-alvo”, diz trecho da nota.

    Entenda o esquema da dose de reforço no Brasil

    A aplicação das doses de reforço no país segue orientação do Ministério da Saúde.

    Atualmente, a primeira dose de reforço para quem iniciou o esquema vacinal com AstraZeneca, Pfizer ou Coronavac, é recomendada para pessoas com mais de 12 anos de idade e deve ser administrada quatro meses após a segunda aplicação. Já a segunda, no momento, é recomendada pelo Ministério da Saúde para a população acima de 40 anos de idade e trabalhadores da saúde independentemente da idade e deve ser administrada após quatro meses da primeira dose de reforço.

    Para quem começou o esquema vacinal com a aplicação única da Janssen, a recomendação é um reforço administrado dois meses após o início do esquema vacinal; e os outros dois que devem obedecer ao intervalo de quatro meses entre um e outro. Para a população imunocomprometida de 12 a 39 anos, que iniciou o esquema vacinal com AstraZeneca, Pfizer ou Coronavac é recomendada uma dose de reforço quatro meses após a adicional.

    Para os imunocomprometidos que iniciaram o esquema vacinal com Janssen, está indicado duas aplicações de reforço após a dose adicional, com intervalo de quatro meses entre elas. As vacinas recomendadas para o reforço são as da Pfizer, AstraZeneca ou Janssen — essas podem ser utilizadas para pessoas com 18 anos de idade ou mais. Para os adolescentes entre 12 e 17 anos, deve ser utilizada preferencialmente a vacina Pfizer. Caso não esteja disponível, pode ser utilizada a vacina Coronavac na dose de reforço, segundo o ministério.

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