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    Por conta de fake news, 70% dos indígenas do Tapajós resistem à vacinação

    Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, 1.029 indígenas morreram de Covid-19 no Brasil

    José Brito e Vital Neto, da CNN em São Paulo

    Um documento, enviado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) à Procuradoria da República em 26 de março, revela que 70% dos indígenas que vivem em aldeias na região da bacia do Rio Tapajós, no Pará, estão indecisos ou se recusaram a tomar a vacina contra a Covid-19. De acordo com o ofício ao qual a CNN teve acesso, essa resistência à vacinação é motivada por fake news espalhadas por lideranças religiosas e indígenas.

    A Coordenadoria da SESAI do distrito de Tapajós esclarece que embora exista apoio à vacinação por parte de lideranças religiosas e indígenas, alguns líderes seriam responsáveis pela disseminação de parte das notícias falsas entre os indígenas. Tanto os líderes religiosos quanto os indígenas estariam utilizando a influência de poder espiritual para defenderem que os indígenas não tomem as vacinas contra Covid-19.

    O documento explica que muitos indígenas das comunidades têm medo de tomar a vacina por acreditarem em certos mitos, mas destaca que apesar de essas crenças parecerem absurdas nos dias de hoje, elas possuem contexto histórico para os indígenas, por conta de assassinatos em massa cometidos por pistoleiros, antes e durante o regime militar, que utilizavam venenos para matar as populações locais.

    Campanha e números atualizados

    A Secretaria Especial de Saúde Indígena informa ainda que têm realizado campanhas informativas, como encontros com comunidades, rodas de conversa e divulgação de vídeos na língua materna dos povos, com gravações de líderes indígenas do município de Aveiro, região onde não houve recusa à vacina.

    De acordo com o documento, até o dia 25 de março, das 6.420 doses disponibilizadas pelo Ministério da Saúde na região, apenas 30,3% delas foram aplicadas. 35,2% dos indígenas se recusaram a tomar, enquanto outros 32% afirmaram que ainda não decidiram se tomarão a vacina ou não. Além disso, grávidas ou lactantes que se recusaram a tomar a vacina representam outros 2,4% do total.

    O boletim epidemiológico da SESAI, divulgado nesta quinta-feira e que contabiliza apenas os indígenas que vivem em aldeias, informa que até a presente data, 1º de abril, 46.038 indígenas foram infectados no Brasil e 631 perderam a vida por conta da doença. 

    Já os dados do Painel da Covid-19 mantido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que considera também indígenas que vivem em áreas urbanas, informa que os números totais chegam a 51.857 infectados e 1.029 indígenas mortos pela doença.

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